quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu no Canadá

Sai de Guaratinguetá na sexta feira, dia 3 de dezembro, as 5 horas da tarde rumo ao aeroporto de Guarulhos. Durante o caminho o coração foi ficando apertado, mas aquela vontade mesmo de desistir de tudo veio na hora que eu cheguei no aeroporto, por volta das 8 horas da noite. No momento em que a gente entrou no aeroporto eu perguntei para a minha mãe: Dá para desistir? Paramos e carro e entremos, e o coração foi ficando ainda mais apertado, mas esse aperto também foi porque fui vendo que meu  celular não ia mais tocar, e essa foi a melhor resposta que eu poderia ter para as perguntas que não tinha resposta.
Achamos o lugar onde eu tinha que despachar as malas e acertar os detalhes da passagem. Eu tinha 15 minutos para comer e entrar para a sala de embarque.
Tentei beber um suco e comer uma empada, mas não deu. No final do lanche eu desabei a chorar. Minha mãe tentou ser forte. Eu levantei da cadeira e disse: Vamos acabar logo com isso! Então, fui para a fila da sala de embarque. Abracei minha mãe que começou a chorar. Eu não consegui dizer uma palavra. Eu tentava largar dela, mas ela não deixava. Ela me disse antes de deixar de me abraçar que havia colocado um bilhete no meu casaco (depois quando desfiz a mala achei outros muitos) e que era para eu ler quando chegasse em Vancouver. Abracei o Dudu e agradeci por tudo, queria ter pedido para ele cuidar da minha mãe, mas não consegui. Peguei minhas coisas e entrei na fila, naquele momento o que eu mais queria eu voltar para Guará.
Dei o meu cartão para o segurança, ele conferiu e me mandou entrar. Mandei um beijo para a minha mãe e fui!
Foi nesse momento que eu paguei o primeiro mico. Tinha três esteiras passando a bagagem de mão. Todas as pessoas que estavam na minha frente foram para uma fila. Incrível, os números eram: 21, 22 e 23. Eu achei que esses números tinham a ver com o cartão de embarque, e fiquei procurando o numero 24. Numero que não existia. Eis que eu solto a primeira perola: Moça, cadê o numero 24? Ela disse: Querida aqui não é portão de embarque, entre em qualquer fila.
A única coisa que passou na minha cabeça: Se no Brasil eu estou assim, imagina quando chegar no Canadá?
Eu tremia muito nesse momento. Era tão visível que a moça que estava na esteira me disse para ter calma e colocar os meus pertences na bandeja. Depois disso fui para a fila da policia federal, recebi o ok e fui procurar o meu portão. Achei fácil, fácil. Foi um alivio!! Liguei na hora para a minha mãe para falar que eu tinha achado.
Não demorou muito e o avião chegou (20 minutos). Na fila fiz amizade com duas meninas. Uma é a Rebeca e a outra é a Fernanda, mas tive que sentar longe delas.
Eu sentei na janelinha, ao meu lado se sentaram duas moças. Elas não falaram comigo na hora que chegaram porque eu estava chorando, porque é lógico que eu não esperei chegar em Vancouver para ler a carta da minha mãe. Nesse momento eu desabei!!!
No momento da decolagem, a aeromoça veio até as meninas e pediu para elas arrumarem a cadeira que estava deitada. As lindinhas olharam para mim. Elas não sabiam uma palavra em inglês e como o vôo era internacional... eu então tive que traduzir o que a aeromoça havia dito. Foi a primeira coisa que entendi. A viagem estava começando com o pé direito. O problema é que a partir daí tudo elas queriam que eu respondesse e daí, ferro. O jantar foi horrível. Bem na minha hora de escolher entre carne ou frango, a carne acabou e tive que comer frango, o problema é que eu não como frango, ou seja, não comi, fiquei com fome!!! Já que eu não matei a fome, então a solução era dormir, certo? Errado! Eu não consegui pregar o olho, mas não foi de ansiedade não, foi porque não tinha mesmo posição para dormir.
Madrugou, então hora de tomar café (detalhe o meu estomago roncou a noite toda) Pensei comigo: Agora eu vou matar a fome. E lá veio a aeromoça perguntando o que eu queria. O problema é que eram duas coisas que eu nunca ouvi na vida. A primeira vir a descobrir depois que cheguei em Vancouver que era ovo, mas não tinha o nome de egg. A segunda que eu não sei o nome, todo mundo tava pedindo, então como eu não sabia o que era, pedi também. Gente, que coisa horrível!!! Era um queijo com vinagrete. Nunca comi nada tão horrível na vida, ou melhor, não comi, era muito ruim e meu estomago continuou a roncar.
Detalhe dessa parte da viagem: Era preciso preencher um cartão para entregar na alfândega. Ninguém me contou isso. O cartão era todo em inglês. Faltado uma meia hora para o avião descer em Toronto, as coleguinhas do lado me pediriam para eu ajudar elas a preencher o cartão. Eu disse: Eu não sei!! Foi aí que elas descobriram que eu não sabia falar inglês e que elas comeram o queijo ruim no café da manha por minha culpa!rs
Chegamos em Toronto. E daí eu tinha que mostrar que posso andar com as minhas próprias pernas. Eu desci do avião e segui o fluxo, afinal não sabia o que eu tinha que fazer e para onde ir. Na hora do desespero comecei a prestar atenção na conversa do povo. Eis que uma menina fala na conversa com outras o numero do vôo que ela iria para Vancouver. Não tive duvida, cheguei na maior cara de pau e falei: Oi, a gente vai no mesmo vôo. kkkkkkkkkk
Jornalista que é jornalista não pode ter vergonha ainda mais numa hora como essa. Enfim, fui conversando com ela, achando que ela sabia o que estava fazendo. Chegamos no fim do corredor e lá estava os policias da imigração. A menina da agencia havia me dito que haveria uma placa escrito: bilíngüe. Eu deveria entrar nessa fila, por que o policial iria falar comigo em português. Mas é claro que não seria tudo perfeito. Até existia a placa, mas não tinha ninguém, estava vazio. Mas eu pensei rápido: Poxa, essa menina sabe falar inglês, ela vai me salvar. Terminei de pensar isso, vem a pergunta da Adriana: Eu não sei falar nada de inglês, você pode ir comigo conversar com o policial?
Meu coração gelou. E eu tive que dizer mais uma vez: Eu também não sei falar nada!
Bom, a Adriana foi na minha frente (eu empurrei ela) o guarda não perguntou um nada para ela. Ela conseguiu o visto! Faltava eu.
Cheguei no guarda muda e entreguei o passaporte com o cartão que eu tentei preencher no avião. Eis que veio a pergunta. Ele queria saber onde eu iria morar no Canadá: Ufa, eu entendi e respondi: Toronto!! Kkkk é gente, eu respondi errado e ele me corrigiu. Não contente ele me perguntou se eu e a Adriana éramos amigas. E eu respondi: Yes!!! Complicar para que? Rs...
Saí da imigração e o segurança me apontou uma escada. Eu desci! Quando cheguei no fim da escada (a Adriana estava comigo) percebemos que eram as esteiras com as nossas malas. Tinham varias esteiras, mas como chegamos bem no inicio da manha, não tinha outro avião chegando a não ser o nosso, então foi fácil achar nossas malinhas.
Com as malas era hora de achar o próximo portão de embarque. O maior medo de Caroline Teberga. E não foi que eu achei? Ela me perguntou: E agora? Eu só sei que vi na minha frente a palavra connect, eu disse é por ali. Eu nem tinha certeza. Mas, não é que deu certo gente. Eu consegui! Fui seguindo as placas e pedindo ajuda para os guardas e consegui chegar no portão certo. Ahh, vocês estão se perguntando se eu entendi o que o guarda falava?  então, não!!! Mas eles apontavam para uma direção e eu fui indo.
Conclusão: achei o portão fácil, fácil. Primeira etapa vencida!
Peguei o avião em Toronto às 8 horas da manha horário local. Não tenho noção de quanto tempo durou o vôo, mas acho que umas horas, mas foi às duas horas mais longas da minha vida.
Acho que juntou o cansaço, a fome, a ansiedade, só sei que não agüentava mais ficar dentro de um avião e para ajudar eu não podia comer dentro do avião. Esse vôo de Toronto para Vancouver era vôo domestico, ou seja, tudo que você come você paga, para vocês terem uma ideia um café simples, custava 8 reais.
Cheguei em Vancouver!! E sabe como eu consegui achar as malas? Seguindo o fluxo. Bem que minha mãe dizia: Na duvida segue o fluxo.
Peguei minhas coisas e me despedi da Adriana. Ela foi para Vitória é uma cidade ao lado de Vancouver, tem que pegar até balsa para chegar (lembrei da Camila). Foi uma pena porque eu me dei muito bem com ela!!!
Então, vamos para a melhor parte da viagem: vocês se lembram da limousine? Estou até agora esperando, pois é tinha um cara me esperando e esperando também mais 5 pessoas, mas não existia limousine. Para começar nós saímos do aeroporto com as nossas malas e andamos, andamos, até chegar no carro. Eu feliz achando ser o carro dos meus sonhos, mas não era. Eu não sei que carro é aquela, era um furgão da Ford. Esse foi o carro mais velho que eu vi em Vancouver até agora. Que decepção!!! Mas pelo menos o carro andou. kkkkk
O motorista começou a entregar a duas meninas primeiro, pois o bairro delas não era não perto e também mal localizado. Depois foi a minha vez, mas a Faith não estava em casa, então o motorista ligou para ela e avisou que estava indo me entregar, ela pediu para que ele me levasse na igreja dela. Ela estava com a sobrinha, Jeila, a menina tem 6 anos e fica com ela durante o dia. Ahh, ela também adora a Hanna Montana.
Mas durante todo esse percurso eu quase desmaiei de fome, de verdade, mas minha mãe não pode saber, ok?! A comida do avião era horrível e no avião vindo para Vancouver eu não comi nada, só sei que minha pressão foi caindo. Eu senti tanto calor que tirei até a blusa. Todo mundo de sobretudo e eu de blusinha, mas enfim cheguei na igreja e a Faith já estava na porta me esperando. Foi super gentil comigo, mas estranhei porque ela não sabia meu nome e muito menos que eu era do Brasil, mas enfim coloquei as coisas no carro e fomos para a casa. Durante o percurso que durou cerca de 15 minutos ela foi me enchendo de perguntas, como: se eu estava com fome e do que eu gostava de comer. Quando eu disse que não comia frango, ela me disse que na casa dela se come frango todo dia. Eu para ser educada eu disse que não tinha problema, kkkkk.
Chegando na casa ela me mostrou os cômodos e fez uma comida rápida para mim. Na verdade ela faz a comida e congela, então na hora das refeições ela apenas esquenta no microondas.
A comida aqui é muito temperada. Geralmente se come arroz, mas tem algumas coisas no arroz, como cenoura, tomate, enfim tudo bem picado. Come-se também frango, mas ela faz carne para mim, que mais parece uma carne moída com um monte de legumes junto. Detalhe, eu também não como carne moída, mas como eu vou falar isso para ela? É questão de sobrevivência comer isso! Os legumes na grande maioria são todos crus, então fica muito duro e eu não consigo comer por que meu dente ainda está doendo. A salada eles colocam em um prato a parte, geralmente tem pepino, um negocio que parece com um feijão branco, romã, alface e mais umas coisas que eu nunca vi na vida, mas que é bom, apesar de ser tudo muito duro.
Depois que eu comi, fui tomar banho. A hora mais esperada da minha estadia na casa da Faith, rs.. ela me explicou como funciona o chuveiro e depois me mostrou onde fica o pano para enxugar o banheiro. Tomei o banho mais rápido da minha vida, a água estava muito quente, não consegui ficar de baixo do chuveiro. Terminei o banho e sequei o banheiro todo, porque não tem ventilação devido ao frio, tem até aquecedor no banheiro.
Depois fui conhecer onde ficava o supermercado. A Estefani levou um monte de garrafa e latinha de refrigerante para trocar por dinheiro. Acreditem, aqui tem um lugar que você leva esse tipo de coisa e eles te dão dinheiro em troca. Voltei para a casa e fiquei o resto do dia no meu quarto arrumando as coisas. Quando foi 6 horas a Faith me chamou para jantar, e adivinhem: frangooooo. Como eu fiquei feliz!! Rs.
Todo mundo que mora na casa janta junto, assim exercitam o inglês contando o que fizeram durante o dia e se programando para o dia seguinte. Além de mim e da Faith, moram também a Estefani que é suíça, a Saul que é japonesa e mais uma menina que é japonesa também, mas eu não sei o nome dela, porque a gente nunca se encontra.
Voltando ao jantar, depois que se come, é preciso lavar a louça e varrer o chão da cozinha. Cada menina vai fazendo uma coisa, assim terminamos o serviço rápido. Feito tudo, geralmente cada uma vai para o seu quarto e fica por lá até a hora de dormir.

Um comentário:

  1. Carol... nem preciso falar que rachei de rir né...

    Nossa.. mas é muito estranho isso... ela nem sabia seu nome nem que vc é brasileira? Que povo desapegado viu!!

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