quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Vigésimo sétimo dia – 30 de dezembro – Quinta feira

O que esperar de um dia lindo de sol?  Foi isso que pensei assim que sai de casa para me encontrar com a Moara e com o Marcel logo pela manha. Nós nos encontramos no Tim Hortons, tomamos café e ficamos lá conversando por quase duas horas.  Os assuntos? Todos. É engraçado como todos nós passamos pelos mesmos problemas aqui, parece até um manual de problemas que você terá se for morar fora. O legal é que todo mundo se entende e sempre tem comentário a fazer, seja sobre namoro, família dificuldades financeiras. Como diz o Marcel, hoje foi dia da gente se conhecer melhor. Rs...
Quando chegou a hora do almoço nós ligamos para saber do Gabriel, mas ele não estava na casa, havia saído para resolver algumas coisas do passaporte. Então decidimos comer pizza (algo mais barato que tem para comer aqui) e depois ir visitar o lugar tão sonhado pelo Renato, Chinatown. Renato e Tayane foram passar o reveillon na montanha, portanto não participaram da programação de hoje.
Depois que almoçamos resolvemos que iríamos apenas ficar andando de skytrain, porque estava muito frio apesar do lindo sol, então como não conhecíamos todas as estações e estávamos todos pobres, a solução seria um passeio free.
Entramos no skytrain e decidimos ir até a ultima estação. No meio do caminho Moara viu um prédio e resolveu que teria que tirar foto no local, então descemos na próxima estação, pegamos o metro de volta até chegarmos no prédio. O local se chama Pacific central, é como se fosse um terminal rodoviário, tenho certeza que você nunca ouviu falar desse lugar, nem a gente, mas segundo o Marcel eu teria que indicar o local para vocês (de verdade não vale a pena, kkk).
Depois que fizemos a book de fotos da Moara, voltamos para o skytrain e fomos para a nossa estação, na verdade a nossa estação seria a próxima, mas nós ficamos tão empolgados que conseguimos sentar em um banco de três lugares que não descemos do skytrain, que bonito, isso anda acontecendo direto, já está até perdendo a graça. Então tivemos que ir até a próxima estação, trocar de metro e voltar para onde deveríamos ter descido. Que confusão em um único dia, heim?!
Apesar do sol, hoje foi o dia mais frio aqui na minha opinião. Meus ossos doíam muito, minha cabeça parecia que iria explodir, eu estava bem agasalhada, mas não sei o que aconteceu, eu comecei a passar mal de frio, então resolvi vir para a casa. No caminho quase dormi no ônibus, não chegava nunca em casa, tinha a impressão que a cada minuto que passava ficava mais longe do meu destino, até que finalmente consegui chegar em casa. Tomei um remédio para dor de cabeça e dormi até a hora do jantar, acordei outra pessoa.
Hoje foi um dia de despedida, o presente do meu fiel escudeiro chega amanha, então fui obrigada a me despedir dele pelo MSN. Posso dizer a vocês que minha viagem está apenas começando, mas ele foi um das melhores coisas que aconteceu nessa fase da minha vida. A amizade foi recíproca, foi cumplicidade em todos os momentos. Ele me disse que quando duas pessoas são muito diferentes (como no nosso caso) as experiências vividas juntas resultam em bons frutos, esses que ficam para sempre. Talvez seja por isso a gente se apaixone pelo nosso oposto, certo?!
Ainda não sei o que vou fazer no reveillon, isso porque ele já é amanha, mas espero não usar meu sapato novo pela primeira vez para andar de skytrain.
Ahh, já ia me esquecendo, a melhor noticia do dia hoje foi que Moara não é mais uma pessoa pobre, essa cena, não irá se repetir mais em Vancouver, rs...

Vigésimo sexto dia – 29 de dezembro – Quarta feira

Mais um dia, será que vamos ter sorte?
Assim que saí de casa para me encontrar com o Gabriel começou a nevar, vocês acreditam? Então pensei: hoje o dia vai ser bom!! Meu humor ficou ótimo, todo mundo na rua fugindo da neve (o povo que mora aqui não gosta de neve) e eu lá, pulando no meu da calçada e tentando pegar a neve. rs...
Encontrei com Gabriel e Tayane na escola e fomos em direção ao park, ele tinha a esperança de encontrar a bolsa por lá, afinal procurar algo com a luz do dia é bem melhor, certo?!
Pegamos o skytrain e fomos até o seabus, depois pegamos outro ônibus e subimos para o park. A conversa estava tão boa que na hora de dar sinal para o ônibus parar, eu avisei meus amigos, mas Gabriel me disse, a gente desce no próximo, só que o próximo nunca chegava. Conclusão: voltamos para o meio do caminho de novo, só que durante todo esse trajeto nos tivemos um problema: mau humor.
É acreditem nós demos o azar de encontrarmos a motorista (era uma mulher, isso aqui é bem comum) do ônibus com o maior mau humor do mundo. Ela sabia que nós estávamos indo para o park e viu que nós não descemos do ônibus, ela não avisou a gente. Depois na volta, quando nós chegamos no ponto final, o Gabriel foi falar com ela sobre como nós faríamos para voltar para o park. Ela respondeu que nós deveríamos sair do ônibus e esperar 20 minutos e completou dizendo que nós deveríamos puxar a cordinha do ônibus quando quiséssemos descer, vocês acreditam?
Estava muito frio, ela não deixou a gente ficar dentro do ônibus esperando, nós descemos e ela foi capaz de fechar a porta e ficar dentro do ônibus comendo, até que chegou um senhor e bateu na porta, ela não olhou, ele foi na frente dela e deu sinal, ela não olhou para a cara dele. Ficamos todos nós do lado de fora esperando 20 minutos no maior frio.
Entramos no ônibus de novo e fomos para o park, dessa vez deu certo. Descemos no lugar onde deveríamos descer. Ainda não tinha ninguém no park, estava bem cedo e um frio de congelar qualquer pessoa. Procuramos a bolsa por toda a parte e nada, fomos na casa da administração do park, mas ela estava fechada devido as festas de final de ano e só vai abrir no dia 4 de janeiro. No local tem um restaurante que também estava fechado, sendo assim não conseguimos nenhuma pista do que poderíamos fazer, a decisão então foi procurar o consulado brasileiro.
Pegamos o ônibus de volta para Vancouver, todo mundo morto, com todo esse stress ninguém dormiu direito. Chegamos no lado de cá e o Gabriel ligou para a casa dele aqui e pediu para que descobrissem o endereço do consulado brasileiro, que para nossa sorte era bem perto de onde estávamos, então partimos a pé. Nós tínhamos um numero muito grande na mão: 6662020. Achávamos que iríamos andar muito para chegar até o local, porque os prédios de onde estávamos tinham números como: 440, 448... foi quando decidimos pegar um táxi. Falamos para o taxista o endereço de onde queríamos ir e que era o consulado brasileiro, ele nós explicou em um inglês muito mal que o prédio era em outra rua e nos levou até lá. Pagamos 7 dólares e quando descemos do carro descobrimos que não era naquele local e sim em um prédio que estava perto de onde pegamos o táxi. Queríamos matar o taxista, mas já não tinha mais como ele já tinha ido embora. Então voltamos para o prédio correto e descobrimos que o numero do prédio era 666 e o andar 2020. Quando encontramos o consulado foi um alivio, pois saber que a gente poderia explicar tudo em português e que alguém iria nos ajudar de verdade, mas essa sensação durou pouco, muito pouco. O consulado estava cheio, tivemos que esperar por alguns minutos, até que finalmente chegou a vez do Gabriel ser atendido e o senhor que nos atendeu foi muito legal, rs.. ele disse assim: Meu jovem você está ferrado, junte copia dos seus documentos e traga junto com mais 200 dólares, mas faça isso rápido. Saímos de lá revoltados, mas não tínhamos mais o que fazer, agora era com o Gabriel. Ele foi embora tentar conseguir o que precisava, eu e Tayane fomos ao shopping almoçar e depois vim para casa.
É estranho como a gente se decepciona com as pessoas. Achávamos que iríamos encontrar um outro tipo de ajuda no consulado, afinal era gente do nosso país. Sabe aquela historia que a gente sempre comenta sobre funcionário publico, sobre a vontade de trabalhar e ajudar o próximo? Pois é, isso também acontece aqui. Talvez eles realmente não pudessem fazer algo a mais do que fizeram, mas nós precisávamos de um apoio, de uma explicação sobre o que fazer, onde ir e não recebemos isso, o problema é que o Gabriel está indo embora semana que vem e não tem passaporte, o desespero só aumentou quando fomos buscar um conforto. Agora é torcer para que amanha seja um dia bem melhor!!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vigésimo quinto dia – 28 de dezembro – Terça feira

Hoje de manha se alguém me perguntasse o que aconteceria no meu dia eu iria dizer varias coisas, menos o que realmente aconteceu. Acordei com um sentimento estranho, de que algo estava acontecendo e minha mãe estava escondendo de mim, insisti varias vezes com ela sobre o assunto hoje pela manha, mas ela me disse que nunca mente para mim.
Depois do momento MSN do dia, foi a hora de lavar roupa. Comecei o dia bem, porque já não tinha mais calça jeans para vestir, e a calça que vou usar com meu sapato novo estava suja (minha mãe ainda não descobriu que comprei o sapato, rs).
Aqui eles lavam a roupa uma vez por semana e pior, colocam todas as roupas juntas na lavadora, é preto com vermelho, é azul com branco, enfim eu não sei como as roupas não ficam manchadas, mas elas encolhem porque eles colocam na secadora. Para lavar demora 15 minutos, mas para secar....
Eu deixei as roupas na secadora devido a demora e combinei com a Faith que na hora que eu voltasse eu pegaria a roupa, e ela me disse que tudo bem, porque iria demorar mesmo, posso com isso? Ahh, quando eu voltei, minhas roupas estavam todas dobradas em cima da maquina!!
Peguei o ônibus e fui me encontrar com o pessoal: Gabriel, Renato, Moara e Tayane. O inicio do passeio foi ótimo (um dia lindo de sol), nós fizemos um Tur pelas ruas próximas a escola, pois tinha algumas coisas para a gente conhecer, fomos na biblioteca (é linda) e depois fomos para um relógio que tem aqui na cidade, esse é o único relógio a vapor que existe no mundo (confesso que o Gabriel falou tanto desse relógio que eu esperava muito mais dele, mas é bem bonito), mas enrolamos tanto, porque nós dávamos um passo e tirávamos 20 fotos, mais um passo mais 20 fotos, com isso a manha se foi e nós fomos almoçar, mas dessa vez um almoço mais saudável: Subway.
Terminou o almoço e a duvida: o que fazer? Tínhamos duas opções Chinatown (programa sugerido pelo Renato desde o dia eu chegamos aqui) e um parque que o Gabriel havia descoberto pela Internet ontem. Eu achava melhor ir para o grande sonho do Renato (Chinatown) mas o resto da galera escolheu ir para o Parque que o Gabriel dizia saber ir, então como a maioria venceu...
Pegamos o seabus, atravessamos o mar, quando descemos em Norte Vancouver, o Gabriel pediu informação sobre qual ônibus podíamos pegar para chegar até o parque (isso porque ele sabia chegar), então o motorista do ônibus respondeu que o parque não era por ali e sim do lado contrario ao que estávamos. Foi só risada.
Já que estávamos ali mesmo, decidimos ir para a famosa ponte suspensa já que para ir ate a ponte nós deveríamos pegar um ônibus naquele local. Entramos no ônibus, mas dessa vez sem perguntar, e o que aconteceu? Entramos no ônibus errado. Só percebemos isso quando o ônibus chegou no ponto final. Então, trocamos de ônibus, voltamos até o meio do caminho, pegamos outro ônibus e fomos para uma ponte perto da ponte suspensa, pois a Capilanos teríamos que pagar 30 dólares e no Lynn Canyon Park a vista seria a mesma e nós não pagaríamos nada. Até que chegamos no nosso destino. Quando desci do ônibus percebi que era o mesmo Park que eu fui a algumas semanas atrás com meu fiel escudeiro, mas já estava com a galera, o solução seria abraçar a ideia e me divertir.
Estávamos tão animados que logo na entrada já começamos a tirar foto, 20 fotos por cada passo. Conseguimos chegar até a metade do Park só, porque já estava escurecendo (aqui fica escuro às 4 da tarde) e lá não tem iluminação. Depois de muitas fotos, hora de voltar para a entrada do park, então começamos a juntar nossas coisas.
Moara pergunta para Gabriel:
- Cadê sua bolsa?
Ele responde:
 - Que bolsa?
Eis então que começa o desespero. Ele não sabia onde tinha deixado as coisas dele. No inicio achei que fosse brincadeira dele, mas ele ficou tão desesperado que percebi que ele realmente não sabia onde estava. Depois achei que alguém tinha escondido, mas como já estava bem escuro, percebi que eu estava enganada mais uma vez. Todo mundo começou a procurar a bolsa e a cada minuto que passava a escuridão ficava mais intensa. O Gabriel nos deixou no local e foi para o inicio do park sozinho ver se ele havia deixado em outro lugar, no caminho ele se lembrou que havia esquecido a bolsa na entrada do Park quando tiramos a primeira foto. Eu e o resto da galera voltamos logo depois dele, pois não achávamos a bolsa. No caminho, Moara achou que tinha perdido a maquina fotográfica do Gabriel, mais um desespero. Estava muito escuro, nós não conseguíamos ver nada, saímos pisando em qualquer lugar, nossos sapatos ficaram imundos.
Chegamos vivo onde o Gabriel havia deixado a bolsa e não encontramos nada. Começamos a perguntar para as pessoas que estavam saindo do park se elas viram algo, mas a resposta era sempre negativa. Chegou um momento que não tinha mais o que fazer, foi quando vimos uma placa dizendo que o local fechava às 6 horas, faltava uma hora ainda, mesmo assim decidimos esperar, pois poderia aparecer alguém para fechar o park e nos dar informações do que poderíamos fazer.  Esperamos em pé, no único local que havia um poste de luz, estava muito frio, segundo nossa menina do tempo (Moara) estava abaixo de zero.
O melhor de tudo é que o medo vai batendo, começou aqueles papos de maníaco do park, cada um tem uma historia para contar. Renato morrendo de medo, eu também não estava me sentindo nada segura no local. Procuramos um telefone e nada. Batemos em uma casa próxima do local e nada. Uma hora esperando e nada do tal do guarda aparecer para fechar o park. Decidimos ir embora. No caminho para pegar o ônibus, o Gabriel encontrou uma mulher que morava ali perto, ela foi muito gente boa, explicou varias coisas para ele. Confesso a vocês que não prestei atenção em nada, o frio era maior que qualquer coisa, até os olhos congelavam.
Finalmente pegamos o ônibus para vir embora e conseguimos nos esquentar. O Gabriel estava congelando, porque estava com o pé molhado. Agora tudo é engraçado, mas na hora...
Chegamos tarde já do lado de cá da cidade. Eu fui jantar no subway de novo, porque já havia passado da hora do jantar e eu estava morta de fome. Não falei uma palavra durante o trajeto até o ônibus, coitada da Tayane que estava comigo, ficou o tempo todo olhando para a minha cara e me vendo comer, o pior, a fome era tanta que eu não ofereci o sanduíche para ela, me esqueci, kkk.
Cheguei em casa morta. Agora acabamos de combinar que vamos voltar ao park amanha para procurar a bolsa de novo, mas dessa vez durante o dia, neh?!
O desespero é grande porque alem das coisas de valor que tinha na bolsa como o ipod da mãe dele, tinha também o passaporte e ele está indo embora na semana que vem. O passaporte é o nosso documento aqui, nada mais vale: carteira de motorista, identidade, CPF... isso é o mesmo que nada. Sendo assim Gabriel não pode andar sozinho na rua, não tem mais dinheiro para nada (nem os 9 dólares, mais, rs..) e muito menos ir para uma festa de reveillon. O que vou fazer agora com o meu sapato novo? Ah, já sei, vou andar de Skytrain!!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vigésimo quarto dia – 27 de dezembro – Segunda feira

Dia de olhar e não comprar, essa é a forma como posso descrever o dia de hoje.
Acordamos cedo e fomos para o Outlet (eu, Gabriel, Moara e meu fiel escudeiro), passamos o dia lá e não vimos todas as lojas, e olha que para os meninos ficarem o dia todo lá, é porque as coisas realmente estavam boas.
Visitamos nossas marcas preferidas: Garage e Tommy. Nosso dia se resumiu nessas duas lojas, vocês acreditam? As lojas estavam bem cheias, isso também contribuiu para a nossa demora. Os preços continuam muito bons, na verdade a maioria das lojas continuam com as promoções até quinta feria, então dá tempo de comprar tudo o que se sonhou durante o ano todo.
Eu apenas olhei e não adquiri nada, mas confesso, hoje foi o dia mais difícil da minha viagem. Vocês devem estar achando um exagero tudo isso, para alguns de vocês pode até estar chato esse texto, mas eu queria que todos vocês estivesse aqui por alguns minutos, pois só assim vocês iriam me entender. Queria que minha mãe estivesse aqui para ver as coisas que eu vejo, pois só assim ela iria para de dizer “Filha, economize, não faça compras”. Foi horrível olhar, ver todo mundo comprando e eu lá, com cara de “não preciso de nada que tem aqui”.
Em um determinado momento meninas foram para um lado e meninos para o outro, foi ai que eu e Moara nos libertamos, começamos a experimentar tudo o que tinha na loja, mas também uma blusa custava 5 dólares, eu também experimentei, a desculpa era achar uma blusa para o reveillon. Sorte que nada ficou bom, isso porque eu experimentei umas 6 blusas, kkk...
Final do dia, eu sem nenhuma sacola na mão, eis que surgi uma loja de sapato, ótima, lotada, com uns sapatos lindos, eu entrei apenas para conhecer a loja, entende? Só que assim, eu não trouxe nenhum sapato de sair para cá, como vou sair no reveillon sem sapato? Então pensei “é questão de necessidade”. Comprei!! Ahh, contei, minha mãe vai ficar sabendo disso por aqui, portanto se eu sumir por alguns dias é porque ela veio me buscar, ok?! eu tenho que explicar: Mãe, era necessidade, você me entende? Afinal todo mundo compra roupa nova para passar o ano novo, rs... e outra o sapato custou 33 dólares, o que é 33 dólares, certo? Mãe, você vai gostar do sapato, tenho certeza. Então, prometo diante de todos os meu leitores que não vou comprar mais nada (já perdi a aposta duas vezes com o Gabriel), mas dessa vez eu juro, de verdade, mesmo que seja necessidade eu não vou comprar.
Final do dia fomos nos encontrar com os meninos na Tim Hortons (ótimo lugar para comer e é barato, viu?!) os meninos já estavam lá. Depois das compras a fome bateu, mas comer com que dinheiro? Eu não tinha gastado muito, mas já que fiz muitas compras ontem, o resto da semana tenho que comer somente pão e beber somente água (meu tio me disse que eu engordei já, isso acabou com o meu natal, esqueci de contar, rs...), Moara coitada, ficou contando as moedas para conseguir tomar um chocolate quente. Gabriel tem 9 dólares para passar as ultimas semana aqui na cidade. Meu fiel escudeiro está passando tudo no cartão, quero só ver a hora que a fatura chegar, rs... conclusão: todo mundo cheio de sacolas mas passando fome. Nunca imaginei viver essa situação, até que tivemos que ir embora comer em nossas casas. Para melhorar tudo, só eu tinha guarda chuva, então 4 pessoas e mais as sacolas usando um guarda chuva (não sobrou nem para comprar um guarda chuva novo). Não sei se foi desesperador ou engraçado.
Já em casa a preocupação foi outra: comprei o sapato para ir a onde? Pois é, não temos onde passar o ano novo, isso sim está me desesperando, me tirando o sono, pensei até em devolver o sapato, porque vou fazer o que com ele, andar de Skytrain a meia noite? Kkkk... Esse desespero tem uma explicação, pois no ano passado eu passei o reveillon sozinha, minha família foi cada um para um canto, meus amigos foram para a praia e eu fiquei, sobrei (usem a expressão que vocês quiserem...) esse ano não quero ficar sozinha de novo. Mas então o que fazer? Temos todas essas opções: http://www.clubzone.com/ e agora? Para quem não tinha para onde ir?
E vocês, vão fazer o que?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vigésimo terceiro dia – 26 de dezembro – domingo

Fiz loucura com o cartão de credito, minha mãe vai me matar!!!
Se algum de vocês um dia for para o Boxing Day deixem o cartão de credito em casa, porque mesmo se você for a pessoa mais de boa para comprar, você vai acabar fazendo loucura. Hoje o dia foi de compras e somente compras. Eles fazem essa liquidação aqui, porque depois do natal ninguém mais consume nada.
A gelara combinou de se encontrar no shopping Metrotown, afinal lá tem o melhor preço e juntando os descontos... mas foi um desencontro só, que no final acabou em encontro e deu tudo certo.
Iniciei minhas compras com o Gabriel e terminas as compras com a companhia de Moara e Renato (nos encontramos nas lojas) , mas eu só sei que fiz loucura. Comprei dois casacos, um relógio e uma bolsa. Minha mãe vai me matar, agora vou ter que passar algumas semanas comendo pão e bebendo só água para poder pagar tudo isso.
Os preços não são tão baixos assim, mas tem coisa que compensam muito. Os eletrônicos possuem preços absurdos, me dá raiva de ver o quanto de imposto nós pagamos no Brasil. Estou pensando em levar uma Tv e um microondas, será que vou conseguir? Rs
A Tv que minha mãe quer para colocar na sala da minha casa custa aqui 600 reais, isso seria uma parcela da Tv no Brasil. Essas Tvs que foram lançamento de natal, que está 15 mil reais aí, aqui custa 2 mil reais. Sabe quando custa um microondas? 80 dólares. E a maquina fotográfica, o vídeo game, o computador... chega a bater uma revolta!
O preço das roupas não abaixam tanto assim, tem que saber procurar, andar, andar, andar... muitas vezes não compensa comprar coisas que não é de “marca”, porque devido a liquidação os preços passam a ser bem semelhantes. A melhor marca para comprar aqui é a Tommy (já comprei um monte de coisa) Diesel também é bem barato, as Guess e adidas é marca para comprar um monte de coisa. Enfim, dá para fazer a festa aqui com o cartão de credito.
Eu ainda não comprei tudo o que eu preciso, falta o presente dos amigos e da família. A única coisa que eu sei é vou ficar pobre, e vai ter gente que vai ficar sem presente, kkk....
Depois das compras foi hora de gastar com outra coisa: Pub. Fomos para o Pub (o mesmo que fui na semana retrasada) comemora nossas aquisições, claro, rs... conversamos bastante, e foi muito legal.
Eu estava precisando de um momento como o de hoje. Estava sentindo muita falta de sentar com meus amigos e conversar, dar risada, falar besteira (sentindo saudade de sair com o Mateus e com o tratante do Thiago)... foi muito engraçado, a gente conversou tanto que nunca imaginei conversar sobre certas coisas com a galera daqui, não falamos nada de mais, mas é que sempre estamos na correria de ir para os lugares, cada um com suas preocupações e não falamos muito sobre nossa vida, nossos gostos, sonhos.. no final saímos do Pub dando muita risada. Eu descobri que Moara é ainda mais igual a mim (selado). Tenho certeza que todo mundo gostou da conversa rapidinha que tivemos, porque foi rápida, viu?! (2 horas) kkkkkkkkkkkkkk
Voltei para casa, jantei sozinha porque todo mundo já estava dormindo e agora estou aqui escrevendo. Estou sem sono, acho que é a preocupação das contas de hoje, rs.... estou desanimada também de escrever aqui, ninguém mais comenta nada o que eu escrevo, será meu texto está chato de mais? Ei, tem alguém aí?



sábado, 25 de dezembro de 2010

Vigésimo segundo dia – 25 de dezembro – sábado

Feliz natal!!!!
Finalmente o natal chegou, não é mesmo?! hoje não foi um dia fácil, queria muito minha família comigo, estou precisando de um abraço de verdade, mas como minha tia me disse, amanha será outro dia e as cosias serão mais fáceis.
Bem que avisaram que dia de natal era dia de comer e foi só isso que eu fiz hoje. Acordei e fiquei no computador, afinal não dava para sair de casa porque nada abre aqui. Quando foi meio dia tomei café, era um café especial de natal, tinha uma torta ótima, comi dois pedaços escondidos da Faith, rs...
Quando o relógio bateu duas horas, as meninas me chamaram para o almoço. Esperamos até as três, pois tínhamos que rezar. Enquanto isso trocamos os presentes, quer dizer eles trocaram os presentes e me deram presentes, porque eu não dei nada para ninguém, rs.. que vergonha.
Eu até iria comprar, mas como aconteceu todo aquele stress aqui, resolvi não comprar nada e quebrei a cara. Stefis me deu um gorro do Canadá com chocolates, além de um cartão lindo que dizia que ela sabia que eu estava com saudades do Brasil e ela havia comprado o presente para que eu pudesse me sentir mais feliz, bonitinho, não é mesmo?! ela também me deu chocolate.
Faith também me deu um presente, eu não estou acreditando até agora, e o pior ou melhor, não sei direito, é que foi algo que eu amei. Ela me deu um livro lindo sobre a memória do futebol, alguém tem duvida de que gostei? O livro é todo em inglês, acho que não foi barato não, viu?! Tem no Brasil para vender. Além disso, ela também me deu chocolate. Acho que eles já perceberam que eu amo chocolate. Rs.
Ganhei também 20 dólares do casal de amigos da Faith, os que eu comentei ontem que gostava deles, sabe?! Eles queriam me dar algo, mas não sabiam o que, então me deram 20 dólares.
Essa troca de presentes, lembrou muito minha infância, acho que foi isso que me deixou um pouco triste. Passou um filme na minha cabeça, antes no natal fazíamos isso também na casa da minha avó. Hoje não tenho mais minha família unida e trocando presentes, hoje vivi tudo isso de novo, mas dessa vez longe de casa.
Chegou a hora do almoço ou jantar, já não sei mais o que foi, rs... rezamos e fomos comer. Eu queria que todo dia fosse natal nessa casa, porque a comida estava muito boa. Eles fazem muita comida, assim como a gente, cada pessoa trás uma coisa, então tem muita variedade. Teve peru, peixe, massa, salada, pão e mais um monte de coisa que eu não sei o nome, mas estava muito bom. Na sobremesa teve a torre de doces da Faith, além de panetone e um doce que parecia um pavê. Eu comi muito, mas queria comer mais, pena que não cabia, rs...
Amanha é dia do Boxing Day, esse é o melhor dia para se fazer compras no Canadá. A maior liquidação do setor varejista canadense começa em 26 de dezembro. O Boxing Day é uma promoção de descontos para todos os tipos de produtos - de roupas a eletrônicos. O principal shopping de Vancouver, o Metrotown, tem duas lojas que eu necessariamente tenho que ir:  Futureshop e Bestbuy. Elas vendem produtos eletrônicos, o que já é barato aqui, fica de graça.

Vigésimo primeiro dia – 24 de dezembro – Sexta feira

Mais uma semana terminando!
Quando acordei a noticia não poderia ser outra a não ser algo que Faith fez, certo? A Saul me contou logo no café da manha que a bruxa brigou com ela ontem à noite, disse que nós deixamos a cozinha suja depois do jantar (ela quer que a gente limpe a cozinha também), coitada da Saul foi até dormir com fome, não conseguiu comer de tanto que a mulher falou na cabeça dela.
Na escola, as cosias não poderiam ser melhores. Tiramos nossas duvidas no primeiro período e no segundo período fizemos a prova. Ganhei meu presente de natal, pois tirei 9,7 na prova de gramática, essa era a prova mais difícil, eu errei somente uma questão, mandei muito bem e fiquei muito feliz!!! Mas na outra prova de escutar, não fui bem, na verdade todo mundo aqui tem um pouco de dificuldade nessa prova, mas enfim, fiquei muito feliz.
Resolvi hoje que iria passar o reveillon na montanha, vão três ônibus para lá, mas eu só resolvi, porque na hora que eu fui pagar não tinha mais vaga, fiquei triste, afinal eu queria viajar, estou de ferias essa semana na escola então queria aproveitar para conhecer um lugar mais longe e passar o reveillon longe de casa, mas como não deu certo vou ter que fazer algo por aqui mesmo, mas espero ter a oportunidade de ir para lá antes de ir embora. Depois dessa confusão toda, foi a hora de almoçar no Burger King e vir para a casa enrolar o brigadeiro.
Aqui, as coisas funcionam até uma determinada hora, depois tudo fecha. Pelas duas horas da tarde, a rua foi ficando morta, as pessoas vão desejando feliz natal umas as outras e uma grande parte delas com o gorro do Papai Noel. Até o ônibus para de funcionar em uma determinada hora, os meninos brincaram que aqui motorista de ônibus também é gente, porque no Brasil...
Chegando em casa a Saul estava fazendo a comida dela para o jantar, Faith e Stefis tinham ido para a Igreja (dessa vez eu me livrei), então fui toda feliz enrolar meu brigadeiro, mas eles não deram certo. Não sei o que aconteceu, ficou muito mole, eu enrolava e ele desmanchava, fiz uma meleca só, fiquei morrendo de vergonha de servir um negocio daquele, ficou muito feio, além de que não ficou com gosto de brigadeiro do Brasil, pois o leite condensado não tem o mesmo gosto e o chocolate em pó também não, mas ficou gostoso e não ficou muito enjoativo.
Enquanto a Faith não chegava da igreja, fiquei no MSN conversando com minha família e com alguns amigos. Rafael não me abandou um minuto, como sempre, neh?! Minha família também foi brilhante. Eu estava forte o dia todo, parecia que não era natal, as meninas da escola choraram hoje porque estava com saudade da família e do namorado, eu? Não estava nem ai, mas quando eu vi todo mundo na frente da webcam, me desejando feliz natal desabei. Eu não chorei de tristeza, chorei de saudade, não queria ir embora, queria eles aqui comigo. Acho que estou me acostumando com a saudade, não dói mais tanto como no inicio, mas a vontade de abraçar todo mundo machuca. Minha tia foi a que mais chorou, minha mãe e minha avó não choraram, rs.. Maurinho queria me mostrar o carinho que ele ganhou do Papai Noel, cada pessoa tinha algo para me falar. Quando deu meia noite, todos eles estavam na frente da CAM para falar comigo, depois eles rezarão lá e eu aqui, minha mãe como sempre não me deixou um minuto.
Ficar longe é ruim, mas a gente percebe que ama muito mais do que achávamos que amávamos, percebemos que família é mais que tudo na vida da gente, além de que dizer “Eu te amo” passa a ter outro sentido, você percebe que dizer “Eu te amo” não é dizer “Bom dia” (comunidade do orkut), rs...
Enfim, depois do natal em família foi a vez de ir jantar. Nos tiramos algumas fotos e depois nos sentamos à mesa. Além das pessoas aqui de casa, estavam também um casal de amigos da Faith (adoro eles, eles são muito legais) e um amigo deles da Arábia Saudita.
O jantar foi daqueles todo cheio de pompas sabe, vários talheres e vários copos. De entrada teve sopa de legumes (a Faith que fez) depois foi à vez da comida japonesa da Saul, que coisa horrível, era um caldo de ovo com pedaço de camarão, juro que até jiló é melhor do que a comida que ela fez. O pior foi ela me perguntando se eu havia gostado e eu dizendo “sim”.
Depois da comida horrível, foi a vez da torta que Stefis preparou. Aí sim valeu a pena. Era uma torta com presunto e queijo de recheio, muito boa, pena que a comida anterior era ruim de mais, eu não consegui comer muito, rs...
Até que chegou a hora mais esperada da noite para mim, hora de comer o brigadeiro, eu estava morta de vergonha, o doce grudou na bandeja que eu coloquei, tinha que raspar ele para servir, mas eu tentava pensar “eles nunca viram brigadeiro” assim eu não ficava com tanta vergonha. Na hora que eles colocaram a gororoba na boca, foi algo que pareceu combinado, todos eles olharam para mim e disseram que estava ótimo. Ufaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, que alivio. A amiga da Faith até pediu a receita do brigadeiro. Depois da minha sobremesa, foi a vez da Faith servir a sobremesa dela, era uma torre de todos os doces imagináveis, que coisa maravilhosa, passei até mal de tanto comer.
Estomago cheio, foi a vez de cantarmos musicas de natal. Foi bem legal, Stefis colocou um CD com musicas famosas de natal e nós ficamos cantando como um coral, demos muita risada, nosso coral tirou nota zero. Depois desse dia cheio, hora de dormir. Aqui eles comemoram mesmo o natal no dia 25 e amanha terá o jantar de verdade.
Queria aproveitar e desejar a todos vocês um ótimo natal que o menino Jesus nasça dentro do coração de cada um de vocês, renovando tudo o que há de bom. Obrigada a todos vocês por estarem aqui me acompanhando diariamente, estou muito feliz por poder dividir todos os momentos da minha vida com vocês. Um ótimo natal a todos!!!











Vigésimo dia – 23 de dezembro – Quinta feira

Acordei achando: Vou ser expulsa de casa hoje. Mas isso não aconteceu; bem que minha tia Claudia me diz que é perder tempo ficar sofrendo por antecipação.
Fui para a escola no maior frio, agora sim o inverno começou aqui, chovendo muito, os dias estão escuros, muito vento daqueles que leva o guarda chuva, mas neve que é bom, naaaada!!
Hoje na escola foi só revisão, porque amanha é dia de prova e a prova vai ser bem difícil, até a professora disse que vai ser difícil.
Depois da aula, hora de almoçar, a opção de hoje foi pizza (eu já engordei, estou perdida). Meu fiel escudeiro me abandou mais uma vez, ele está mudando comigo, deve ser devido ao presente que vai ganhar na próxima semana, rs.... Almocei com o Gabriel e depois fui para escola e aproveitei para estudar, já que em casa eu não teria tempo porque tinha que preparar o brigadeiro para o jantar de natal. Estudei durante uma hora, tempo da ultima aula do Gabriel.
Saímos da escola e fomos para o shopping Metrotown, nos precisávamos fazer algumas compras no supermercado. Nesse shopping tem um supermercado muito grande, tem tudo que vocês possam imaginar e o preço é ótimo, então pegamos o skytrain e fomos para lá. Antes de ir ao supermercado, passamos na loja da MAC (é uma marca ótima de maquiagem que tem aqui), tínhamos que comprar umas coisas para a mãe dele, foi muito engraçado, eu e ele tentando explicar para a atendente o que a gente queria, pois nós tínhamos o nome das coisas em português e não em inglês, então tivemos que ficar traduzindo. Queria ter tirado uma foto do Gabriel com o dicionário na mão tentando traduzir o nome das cores de maquiagem, as mímicas foram muito boas.
Feito as compras, hora de ir para o supermercado, afinal já estava quase na hora do jantar. Ficamos igual duas crianças, comprei um complexo B (minha boca ainda não voltou da anestesia, vocês acreditam?) e depois fui tentar achar os ingredientes para fazer o brigadeiro. Depois de passear horas no local, chegou o momento de pagar a compra. Meu querido amigo entrou em uma fila de um caixa e eu fui na dele, demorou muito, afinal estava muito cheio, pois era véspera de natal. Quando chegou na nossa vez, eu percebi que estávamos na fila de um caixa que não tinha atendente. Para que vocês entendam, os supermercados aqui possuem dois tipos de caixa, um com atendente igual ao do Brasil e o outro é a gente que passa a compra pelo sistema de código de barra e depois paga a compra para uma espécie de caixa eletrônico. Enfim, depois de ver que não iria dar certo ficar ali, já que nem eu muito menos ele, não sabíamos mexer na maquina, mudamos para a fila ao lado, mas nada resolvido. Chegou a nossa vez de pagar e mais uma vez estávamos em um caixa sem atendente, mas não dava para mudar de novo, pois eu já estava muito atrasada para o jantar, já passavam das 5 horas da tarde, e nos teríamos que entrar no final de fila de um outro caixa, sendo assim a solução foi encarar a maquina.
Eu preciso dizer que a gente pagou mico? Gabriel, esperto, me mandou ir na frente. Eu não conseguia passar as compras, porque existe todo um sistema de tirar os itens de um lugar e colocar em uma esteira e eu não sabia disso, Gabriel tentou me ajudar, mas não adiantou. A fila para o caixa só aumentava, todo mundo olhava para gente e ria. No começo a gente até estava dando risada, mas depois foi batendo o desespero, não conseguíamos passar os itens, eu já estava muito atrasada. Meu querido amigo me largou no caixa e foi para o caixa ao lado (que também era de pagar sozinho), detalhe eu precisava dele porque ele fala inglês, eu com o meu inglês, não iria resolver nada. Conclusão, depois de muito tempo tentando, eu em um caixa e ele no outro, a fila só aumentava, então surgiu uma mulher que trabalhava no supermercado para saber se a gente precisava de ajuda. Na hora que o Gabriel disse que éramos do Brasil, a mulher começou a falar em espanhol com a gente (ela achou que a língua no Brasil fosse o espanhol). Ela passou os itens para a gente e nos finalmente fomos embora, depois é claro do supermercado todo dar risada, neh?! Só no final da conversa é que conseguimos explicar para ela que no Brasil se fala português, por isso nós não entendemos o que ela tentou explicar sobre a maquina.
Mas o mico não parou por aí. Nós resolvemos comprar uma caixa grande de sabão em pó para dividir, tudo isso porque era mais barato. Mas, nós esquecemos que não teríamos como dividir, certo? Afinal estávamos em um shopping, mas enquanto o Gabriel explicava para a mulher que nós não falávamos espanhol, eu peguei um saco desses que a gente coloca fruta. Não podia ser bolsa plástica, porque aqui a gente paga pelas bolsas que pegamos (já imaginaram se isso acontecesse no Brasil?)
Detalhe, nós encostamos em uma pilastra ao lado de fora do supermercado (o lugar era ao lado do terminal de ônibus e do skytrain, muitas pessoas passavam pelo local) abrimos o sabão e dividimos, um pouco ficou na caixa (minha parte) e a outra que ficou no saco, ele levou. Todo mundo que passava olhava, era sabão para todos os lados porque a gente só sabia rir e não virava o sabão direito no saco. Não sei quem tinha mais vergonha: Eu ou Ele. Meu leite condensado (custou 7 reais, muito caro) e meu chocolate em pó ficaram perfumados. Depois disso entrei no ônibus e vim para a casa.
Já eram quase 7 da noite, eu estava perdida, dessa vez a Faith iria falar na minha cabeça com razão, afinal eu não tinha avisado que iria me atrasar para o jantar. Pensei em milhares de desculpas e encontrei uma. Cheguei em casa e disse: Me perdi no shopping, me desculpa pelo atrasado. Kkkkkkk. Ela acreditou, afinal o Metrotown é muito grande e isso é algo muito possível de acontecer. Ela estava um amor de pessoa, afinal tinha visita em casa, foi ate capaz de me dizer que tudo bem, que isso era algo normal, kkkk.
Enfim, jantei e fui fazer meu brigadeiro. Resolvi seguir uma receita que minha tia me deu. Segundo ela, era para eu fazer o brigadeiro no microondas, pois assim eu não teria problema para enrolar o doce.  No começo fui levando susto, achei que fosse dar errado, mas depois a aparência melhorou, mas eis que eu abro o aparelho e vejo meu brigadeiro todo lá na bandeja do eletrônico. Ela me avisou que ele crescia, mas não sabia que era tanto assim. Resultado: metade do doce foi para o espaço e eu tive que limpar o microondas que nunca deve ter visto um paninho na vida, rs... a minha sorte é que Faith não estava em casa. Parece que quanto mais eu tento ficar na paz, mas furo eu dou. Deixei o que restou do brigadeiro para enrolar amanha. Eu não vou fazer outro doce, já que ficou muito caro para comprar as coisas.
Quando fui tomar banho, encontrei os produtos de limpeza em cima da pia e pensei: ela vai me fazer limpar o banheiro para o natal e eu não vou lavar e a gente vai brigar de novo. Resumidamente, vou dormir tensa!!!


                                                                     Eu e Gabriel

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Décimo nono dia – 22 de dezembro – Quarta feira

Acordei e não vi a Faith, isso está se tornando um alivio. No caminho eu e Saul fomos conversando sobre mudar de casa e sobre como Faith é “legal” com a gente. Já na escola foi tudo dentro do normal, a única novidade foi que ganhamos mais uma companheira de sala. Ela é coreana, fala muito pouco inglês e trabalha em uma funerária e o pior, ela faz universidade de funeral, pode isso? Pelo o que ela contou ela é quem arruma os mortos no caixão, mas precisa fazer faculdade para fazer isso? Rs...
Depois da aula fui almoçar com os meninos em um restaurante coreano enfrente a escola. A comida é bem gostosa, é algo muito parecido com o que a gente come no Brasil: peixe frito, arroz e salada. Eu paguei 8 dólares no prato de comida que já vem pronto, mas saí satisfeita do local. A única coisa ruim é o garfo que é muito nojento, não é descartável.
Saímos do restaurante e voltamos para a escola para usar o computador. Começamos a procurar um lugar para passar o reveillon, mas acabamos que não decidimos nada. A galera toda vai para Rocky Mountain, mas eu o Gabriel estamos a fim de ir para Whistle, mas está um pouco caro, por isso ainda não resolvemos nada, mas combinamos que vamos resolver isso amanha sem falta.
Como nada ficou decidido eu e meu fiel escudeiro resolvemos fazer um passeio diferente: Ir a um Cassino. Não posso explicar para vocês como chegamos até lá, porque nos entramos na estação errada de metro, saímos andamos de novo, até que encontramos a estação certa para ir ao local. Nós fomos de Skytrain, foi bem rápido e a estação que descemos é dentro do cassino, então não teve erro.
Eu queria muito ter tirado foto, mas não consegui, afinal é proibido. Muitos homens foram pegos com amantes por lá, então isso começou a gerar confusão. Enfim, eu fiquei encantada com o lugar, nunca tinha ido a um cassino, o lugar é lindo, e muito, mas muito grande. Tem varias maquinas, com diversos jogos, além das mesas de apostas. Eram 3 horas da tarde e vocês não imaginam como o lugar estava cheio, tinha muita mulher e muita gente idosa, além claro de homens de todas as espécies, rs... mas o que eu mais me impressionei é como eles perdem dinheiro, parece que o dinheiro não tem valor nenhum para eles.
Depois do cassino fomos para o Stanley Park de novo, rs... eu estava loca para ver as luzes de natal que tem lá. Eu havia ido lá com a Faith de carro a alguns dias atrás e não entrei, então resolvi voltar lá essa semana. É até bonito, mas não é interessante, vale a pena ir somente se não tiver nada para fazer, eu achei bem mau feito os enfeites, mas consegui tirar algumas fotos.
Depois das fotos, voltamos para o centro da cidade e foi hora de fazer compras. Eu fui a procura de uma blusa para usar no natal e achei na H e M. Essa é uma loja igual Riachuelo, C e A... paguei 34 dólares, sei que vocês vão dizer que foi caro, mas aqui se a gente ficar convertendo tudo para o real, não será possível nem comer, porque apenas produtos eletrônico são baratos.
Voltei para a casa eram 8 horas da noite, horário um pouco mais tarde do que estou acostumada e pude ver uma realidade da qual não esperava ver aqui. Perto do centro da cidade, existe uma rua que se chama Main, ela é muito grande, e desde o inicio me falaram para ter cuidado nessa rua. Ela é uma espécie de cracolândia, as pessoas consomem drogas a céu aberto, além de que ficam vendendo coisas para poder ter grana para comprar a droga. É estranho você vir para um país de primeiro mundo, onde a gente sempre escuta falar que é tudo muito correto e depois quando chega no lugar percebe que existem problemas assim como seu país. O que me chamou a atenção foi que existia um caminhão parado na rua dando sopa para essas pessoas, existia uma fila muito grande e estava muito frio. Nesse momento me senti no Brasil, me lembrei dos trabalhos que existem e que acolhem pessoas que moram nas ruas, por um momento me esqueci que estava em um país de primeiro mundo.
Finalmente cheguei em casa, Stefis e Faith estavam na cozinha, mas já estavam indo dormir. Eu jantei sozinha e depois fui tomar banho. Achei ótimo não ter que ficar olhando para Faith. Enfim, demorei bastante para fazer minhas coisas, Faith já havia ido dormir a algum tempo, eis que eu escuto os andares dela na minha cabeça, rs... durante o meu banho, eu acabei molhando um pouco o tapete que fica no banheiro, mas nada de exagerado, eu enxuguei o chão e sequei o banheiro como todos os dias, mas vocês querem ver que ela foi ao banheiro depois que eu tomei banho para ver se estava tudo certo. E o pior, ela deve ter visto o tapete molhado no chão. Pode esperar que amanha ela vai falar na minha cabeça. Espero que não saia mais uma briga. Rs...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Décimo oitavo dia – 21 de dezembro – Terça feira

Vamos começar o dia pelo começo, mesmo porque hoje não teve brigas, não teve emoção, rs....
Essa noite dormi um sono só, também não passei frio, pelo menos para isso valeu a briga de ontem, mas acordei com aquela cara de quem chorou a noite toda.
A aula hoje foi tranqüila, chegou mais uma brasileira na sala, só para dar uma variada, Samantha é nome dela, ela é de São Paulo e trabalha como nutricionista da Nestlé. Ela parece ser bem legal!!
Enfim, a aula de hoje foi gramática, é chato, mas necessário. Depois da aula fui conversar com a Silvia, ela é a responsável pelas acomodações.
Incrível, quando fui contar o que tinha acontecido ela me disse que já sabia, pois a Faith já tinha mandado email para ela ontem a noite (olha só o medo). Silvia me mostrou o email, minha querida anfitriã disse que não tinha ficado feliz comigo por causa do alarme e disse ainda que entrou no meu quarto para deixar o outro coberto e viu que tinha trocado a roupa de cama ou invés de lavar. Antes mesmo deu ir a sala da Silvia, ela já havia respondido o email da Faith dizendo que eu não sou obrigada a lavar a roupa de cama e a toalha de banho, e disse ainda que ela é que tem que fazer isso, além de que ela não pode entrar no meu quarto e ir tirando as coisas, ela tem que me avisar que vai entrar ou pedir para que eu pegue o que ela está precisando (amei isso, rs). Enquanto eu estava conversando com a Silvia e explicando a minha versão da historia, Faith mandou outro email perguntando se eu havia ido reclamar dela, vocês acreditam?
Conversei com a Silvia e decidimos que ela iria mandar outro email para minha querida anfitriã explicando qual era os deveres e os direitos dela. Eu vou ter que ficar aqui na casa até o próximo ano, porque essa época é bem difícil de arrumar uma outra casa por canto das festas de final de ano.
A conversa foi bem longa, então não dava para fazer um programa muito distante da escola. A galera foi almoçar, mas meu fiel escudeiro me esperou (que belezinha, rs). Almocei pizza, kkkk. Depois demos uma volta pela Robert St e resolvemos ir para o Metrotown (www.metropolisatmetrotown.com), esse é o maior shopping da região metropolitana de Vancouver. Para chegar até lá nós pegamos o metrô (skytrain) e seguimos até a estação que leva o nome do shopping, em meia hora nos estávamos no local. O shopping realmente é muito grande, em um único dia a gente não consegue ver tudo, tem diversas lojas de todas as marcas possíveis, e se pesquisar é possível encontrar preços bons.
Depois vim para a casa jantar, era a hora de me encontrar com a Faith. Eu cheguei junto com ela em casa, ela estava no supermercado. O jantar foi sair as 6:30, minha vontade era de falar: O jantar está atrasado. igual ela faz comigo, mas se eu fizesse isso minha mãe iria me matar, rs... as meninas não vieram jantar, conclusão, eu e ela na mesa. O assunto do jantar: Supermercado e bons preços. Kkkk
Precisei arrumar a cozinha toda sozinha, afinal as meninas não estavam aqui, mas tudo bem, não custa dá uma ajudinha pra velha, neh?! Ela não falou nada sobre o ocorrido eu também não toquei no assunto, achei melhor assim, afinal não vai adiantar nada.
Minha mãe me contou que a Fernanda (uma amiga) que está para vir para o Canadá na próxima semana não quer vir mais por conta do que estou passando. Bom gente, foi como eu já escrevi essa semana, realmente eu dei azar em pegar uma família chata, mas tem gente aqui que está super bem, tem gente que vai até viajar com a família para os Estados Unidos para fazer compras, então isso é relativo. Eu queria deixar claro que eu estou feliz, muito feliz e falar para a Fernanda não desanimar, parar de chorar e vir logo para cá, porque mesmo com uma família horrível igual a minha, tudo compensa nesse lugar. São novos amigos, lugares maravilhosos, uma nova cultura e claro o inglês. Cada pessoa tem uma dificuldade, mas o melhor daqui é saber que a gente consegue superar. Foi como escreveram no meu texto de ontem, vai chegar uma hora que eu vou perceber que eu venci, que tudo foi mais fácil do que eu imaginava. Sei que no caso da Fernanda ela não fala muito bem inglês igual a mim, mas descobri hoje (em uma conversa ótima com meu fiel escudeiro) que eu não posso ficar me cobrando em falar inglês como todos aqui falam, tem gente que tem 6, 7, 8 anos de inglês e eu tenho 9 meses. Eu não aprendi a falar do dia para a noite certo? Então também não vou ser a melhor pessoa no inglês em três meses. Desencanei disso e percebi que tudo vale a pena. Tem gente que vem me perguntar se eu aconselharia vir para cá fazer intercambio para aprender inglês, eu respondo que para aprender inglês não, mas se for pela experiência, pelos amigos, tudo vale a pena. Conheci lugares incríveis, pessoas que levarei para sempre. Tenho absoluta certeza que voltarei outra pessoa para o Brasil, a Carol que entrou no avião no dia 5, não será a mesma que voltará. Não amará as mesmas coisas, as prioridades não serão a mesma, meus princípios terão mudado, novas pessoas estarão fazendo parte da minha vida e outras ficaram no passado.
A frase de hoje é do Odair Gonçalves, acho que eu não o conheço, mas gostei muito da frase dele. Obrigada Odair: Vim, Vi e Venci!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Décimo sétimo dia – 20 de dezembro – segunda feira

Quando eu acho que tudo o que podia acontecer já aconteceu, eu ganho uma surpresa.
Hoje eu e Saul fomos conversando bastante no caminho para a escola, ela me contou que já está quase tudo certo para ela se mudar aqui de casa, ela disse que está ficando caro morar aqui e que também não concorda com algumas coisas. Eu disse a ela que não era só ela que não concordava. kk
Enfim, hoje a aula foi bem legal, apesar de que no primeiro período eu estava morta de sono, não consegui prestar atenção em uma palavra da professora, tudo isso porque fiquei até tarde na Internet, e depois quando fui dormir o sono não vinha. A ultima vez que olhei no relógio eram 4 da manha, eu levantei as 6, então não dormir nada, além disso, senti muito frio a noite, coloquei duas blusas de moletom, duas meias, mas não adiantou. Antes de sair para a escola, eu pedi para a Faith para me dar outra coberta, e ela disse que tudo bem.
Mas voltando a aula de hoje, foi bem legal porque eu conversei muito com a professora, isso vai me dando confiança para conversar com as outras pessoas, além de quem virei a tradutora da turma, rs..
Depois da aula fui me encontrar com a Renata (ela é brasileira e mora aqui em Vancouver, a conheci através de amigos, ela me deu a maior força e me ajudou muito quando eu disse que estava vindo para cá), ela estava fazendo compras, então marcamos de nos encontrar em uma hora. Sendo assim, eu uns amigos fomos almoçar hot dog, depois demos uma volta no shopping e seguimos para o local marcado. A galera foi cada um para um canto, meu fiel escudeiro ficou comigo, rs...
Nós andamos por algumas lojas, Renata foi me mostrar que existe sim leite condensado aqui e nos deu altas dicas de lugares para conhecer. Contei para ela que estava um pouco desanimada por conta de falta do inglês na minha vida, ela foi muito legal, e me explicou que realmente Vancouver não é o melhor lugar para se aprender inglês, porque tem muito brasileiro (até a atendente do lugar onde comemos pizza é brasileira) e me disse que eu ainda tenho tempo e que só depende de mim. Ela realmente tem razão. Ela me passou um site (http://www.go.volunteer.ca/) é um site onde a gente se cadastra para ser voluntário, ela disse que isso pode me ajudar muito, pois afinal eu só vou estar no meio de quem fala inglês. Vou dar uma olhada nisso, e depois conto o que eu resolvi.
Enfim, passei a tarde com a Renata e depois vim para a casa. Vim um pouco mais cedo para passar no supermercado, fui procurar direitinho os ingredientes para fazer o brigadeiro, para falar corretamente os nomes para a Faith. Aproveitei e fiz algumas comprinhas.
Chegando em casa, as luzes estavam todas apagadas, então deduzi: Não tem ninguém!! Sendo assim eu teria que entrar na casa e desligar o alarme, caso ao contrario ele iria disparar. Enfim, eu abri a porta já com o meu caderno de anotações na mão, pois eu não sei a senha de cabeça; mas eu não tinha a senha correta, não posso dizer se a Faith me passou a senha errada, ou se eu anotei errado, só sei que o alarme disparou, começou uma voz de mulher a gritar dizendo que a casa tinha sido invadida. Eu fiquei desesperada, daí que eu não conseguia mesmo desligar, fiquei imaginando a policia chegando, eu sendo presa tendo ligar para minha mãe no Brasil. A situação até pode ser engraçada, mas vocês não sabem o medo que senti na hora.
Enfim, eis que depois de muitas tentativas o telefone da casa tocou e eu atendi. Era o policia querendo saber se estávamos com problema. Eu não sei como, só sei que eu disse a ele que morava na casa e que eu era brasileira e que não estava conseguindo desligar o alarme; pendi desculpas por não entender ele direito. Ele apenas perguntou o meu nome e disse que não tinha problema que ele iria desligar o alarme da casa.
Agora eu pergunto a vocês: como eu falei tudo isso para o policial? Não sei, só sei que o homem entendeu tudo, porque o alarme desligou e a policia não apareceu para me prender. Kkkk.
Problema resolvido, então vim para o meu quarto. Quando eu entro no meu ninho, vejo minha cama toda revirada, com um bilhete em cima. A Faith me deixou um recado amável, dizendo que eu teria que lavar a roupa de cama uma vez por semana junto com as minhas roupas e que eu não deveria colocar a minha roupa de cama na cama da casa dela.
Terminei de ler o bilhete, a sargentona entrou em casa. Fui até ela e expliquei o que tinha acontecido com alarme. Ela me disse que não poderia ter deixado o alarme disparar e ligou para a policia para dizer que foi alarme falso. A mulher ficou muito brava, então eu disse para ela que não tinha a senha correta e ela falou um monte, mas eu não entendi uma só palavra.
Quando ela terminou de falar eu vim para o meu quarto e ela veio atrás. Foi quando começou o melhor da noite. Eu e ela discutimos, eu não sei como, porque ela não me entende e eu não entendo ela, rs...
A minha bolsa e meu casaco estavam em cima da cama, vocês acreditam que ela jogou minhas coisas no chão e me disse que não poderia colocar nada em cima da cama porque a cama estava sem o lençol? Ela tirou a roupa de cama que eu tinha colocado e jogou no chão e ainda por cima mexeu nas minhas cosias para achar a roupa de cama dela e lavou para que eu pudesse dormir ainda hoje. Só sei que a mulher gritava, eu não entendia uma palavra se quer. Eu tentei explicar que eu achava que não tinha problema usar as minhas coisas e que na semana que vem eu iria lavar as cosias dela; e disse ainda que no meu contrato tem uma clausula que diz que eu não preciso lavar. Ela me respondeu gritando algo que eu não entendi.
Para completar eu fui pegando minhas coisas que estavam no chão e colocando de volta em cima da cama, vocês acreditam que ela jogou no chão de novo. Eu perdi a paciência e disse para ela que eu não gostei dela ter mexido nas minhas coisas e que da próxima vez é para ela pedir com licença. A mulher, falou, falou, falou e eu não entendi nada, minha vontade era de pegar minhas coisas e mandar ela para aquele lugar.
Ok, fim do escândalo. Ela ainda teve a cara de pau de me chamar para jantar. Eu disse que não iria porque estava no MSN com a minha mãe, ela me só olhou para o relógio e fez aquela cara de: O que posso fazer? Eu então disse: Vou jantar mais tarde! E fechei a porta.
Chorei, chorei, chorei.... mal conseguia responder para minha mãe no MSN. Me senti a pior pessoa do mundo. Ninguém mexe nas minhas coisas, nem a minha mãe. Minhas amigas só pegam minhas coisas quando eu falo: Pode pegar. Minha vontade era de ir embora a nado para o Brasil.
Depois de chorar muito, fui tomar banho e depois jantar. Ela guardou o jantar para mim na mesa da varanda da casa, eu não sei o porque eles guardam a comida assim, mas só sei que estava lá e estava muito boa por sinal.
Quando eu entrei na cozinha, ela saiu e foi para o quarto dela, então eu fiquei conversando com as meninas. Senti que Stefis já sabia o que tinha acontecido, Saul não. Não tocamos no assunto, mas elas estavam diferentes comigo, mas era um diferente bom, preocupadas, querendo saber como estava minha escola... Quando eu disse que estava com saudade da minha mãe e que eu queria voltar para casa, Stefis veio e me abraçou, aí tive a certeza que ela sabia.
Enfim, fiquei um bom tempo conversando com as meninas, elas me fazem muito bem, esse é um dos motivos pelo qual não quero sair daqui, mas agora acho que não tem mais jeito. Enquanto ela estava só mandando eu lavar banheiro ou limpar a cozinha estava tudo bem, mas agora, mexer nas minhas coisas? Foi de mais, não foi?
Preciso da ajuda de vocês, não sei o que faço, tenho medo de mudar de casa e pegar uma família pior, em um bairro pior.... Aqui, a gente fica muito sensível, quando eu digo que gosto quando recebo comentário nos meus textos, não estou mentindo. Cada e-mail, recado no orkut, conversa no MSN é muito importante, é como se eu tivesse um gás a mais para seguir enfrente. Amanha preciso decidir o que vou fazer. Cada dia aqui é único e eu descubro que meu limite é muito além do que imaginava!!


Minha casa e meu quarto

domingo, 19 de dezembro de 2010

Décimo sexto dia – 19 de dezembro – domingo

Que dia!!! Cada dia que eu vivo aqui eu falo: hoje foi o melhor dia, nenhum dia vai superar o dia de hoje. E não é que o dia seguinte é melhor ainda!!
Acordei cedo, as 7 da manha. É claro, entrei na Internet para falar com a minha mãe (hoje ela pareceu, rs...) e fui sabe para onde? Grouse Mountain.
Ahh, mas antes de chegar na montanha preciso contar uma coisa. Eu já contei para vocês que ao lado do meu quarto tem um banheiro que eu não posso usar, certo? Então, hoje eu descobri para que ele serve. Estava eu no andar de cima me arrumando para ir para a montanha, desci para pegar minhas coisas, eis que vejo minha querida anfitriã usando o banheiro (deu para entender?) de porta aberta. Isso porque ela tem um banheiro para ela no quarto que dorme que fica no andar de cima da casa. Minha reação? Fechei a porta!!! rs
Agora vamos ao que interessa. Essa montanha dá para ver aqui de casa. De noite ela fica toda iluminada e é um lugar ótimo para quem quer esquiar, patinar e fazer snowboard.
Para mim o trajeto foi um pouco longo. Peguei um ônibus até a parte central da cidade, depois peguei o seabus e depois mais outro ônibus (236) para chegar à montanha. Esse trajeto todo levou em media uma hora e meia, quase duas, mas vocês tem que ver que eu estou do outro lado da cidade, para quem está morando na parte norte, essa montanha é quase um passeio na casa do vizinho, rs...
Enfim, dessa vez o dia foi das mulheres, nada de homens... e mulher reunida já sabe, neh.... as meninas resolveram esquiar, eu e Moara resolvemos tirar fotos, muitas fotos, afinal isso é uma das cosias que temos em comum, rs....
Quando chegamos lá estava chovendo, ficamos até um pouco desanimadas, mas como já estávamos por lá mesmo, era só entrar na festa e sorrir. Pagamos 44 dólares apenas para entrar na montanha, as meninas pagaram cerca de 100 dólares para esquiar, mas nesse valor está incluso a entrada e o equipamento para esquiar. Eu confesso a vocês que não esquiei porque achei caro, afinal essa foi a primeira montanha que eu estou conhecendo, existem outras ótimas por aqui, além de que eu não sei esquiar, então iria pagar uma grana para sair de lá com o bumbum doendo e o joelho todo roxo, sendo assim preferi curti a paisagem. Foram os 44 dólares mais bem pagos aqui. Subimos por uma espécie de teleférico que cabe varias pessoas, a emoção já começou ali, porque o negocio balança, que a gente tem a sensação que está em uma montanha russa.
Chegamos na montanha, nossos pés finalmente enterrados na neve, que emoção. Tudo tão branco que até doía os olhos, mas o que já estava perfeito ficou ainda melhor: começou a nevar. Eu fiquei igual uma boba, queria tirar foto, pegar a neve, sentir ela, como diz minha mãe, ver se ela é branca, rs... a sensação de ontem voltou hoje. Aquilo que parecia ser tão distante, hoje é realidade, e uma realidade muito melhor do que nos meus melhores sonhos. Um espetáculo, queria levar para casa, poder dividir com vocês a alegria que tomou conta do meu coração.
Depois da neve e de muitas fotos, foi a vez do sol aparecer. E que sol. Sabe aquele sol que esquenta, que a gente fica até com o rosto vermelho, aquele sol que esquenta os ossos como diz minha avó, rs.... pois é, ele surgiu, e nós tiramos mais fotos.
Só que a fome bateu, então fomos procurar algo para comer. As coisas lá são muito caras, eu comi um hot dog (pão e salsinha, apenas) e um pedaço de pizza, paguei 10 dólares. Um absurdo, mas fazer o que, se eu não pagasse não comeriam, então, paguei.
Terminamos de comer e tiramos mais fotos!!! Eu e Moara descobrimos hoje que temos muitas coisas em comum, inclusive gostar de tirar fotos, porque em apenas um dia, nos duas tiramos 110 fotos, pode? Descobrimos também que pensamos e agimos igual em algumas situações. Foi muito legal, conversamos bastante e prometemos que vamos tirar muitas fotos ainda, kkkk.
Ok, hora de voltar para a casa. Que dor no coração!!!! E sabe quem surgiu? A lua.
Ônibus, seabus, ônibus e finalmente cheguei em casa. Eu havia avisado a Faith que eu iria me atrasar para o jantar, afinal eu não sabia como seria na montanha. Cheguei em casa era 5:30 e reforcei que iria jantar mais tarde. Fiquei bem tranqüila, tomei banho, conversei com minha mãe no MSN. Eis que a fome bateu, fui até a cozinha. Cadê o meu jantar? Ele não existia na mesa, não existia na geladeira, não existia no microondas e muito menos no forno. Na mesa da cozinha tinha apenas um copo de água, imaginei que seria para eu jantar, neh? Rs... junto tinha um cartão da menina que morava aqui, aquela que eu nunca via, sabe? Ela foi embora, e me deixou uma mensagem, que bonitinha. Tudo bem, jantei pão com manteiga, mas confesso que jantei feliz, afinal tive um dia ótimo, não precisei limpar a cozinha depois do jantar e muito menos lavar a louça. Não seria um pão com manteiga que iria estragar meu lindo dia, certo?
Hoje achei mais um bilhete da minha mãe. Queria muito que ela estivesse na montanha comigo, afinal programas tanto o que eu iria fazer quando nevasse aqui, rs... minha mãe me disse que vocês devem estar achando que eu não estou gostando da viagem, porque eu sempre reclamo de algo, mas na verdade eu não estou reclamando, é que eu quero contar tudo o que acontece. Realmente as cosias aqui em casa não são ótimas, e o fato do inglês não sair de dentro de mim também me deixa triste, mas a cidade é linda, estou conhecendo lugares que ficarão para sempre e pessoas que quero levar para o resto da vida comigo. Posso dizer que se o inglês não aparecer em momento nenhum, vou embora daqui realizada pelos lugares que conheci e pelas pessoas que passaram pela minha vida. Cada dia uma historia, momentos que não vão voltar, mas que ficarão para sempre dentro de cada um de nós. E quer saber, se eu não voltar para o Brasil falando inglês, que tal uma nova viagem, heim? Confesso que já penso nisso, rs...
A frase de hoje é de uma das meninas: Em três meses muita coisa pode acontecer!!!!!!!!!!






Décimo quinto dia – 18 de dezembro – sábado

Nevoooooooooooooooooooooooooo!
Sabadão, terceira semana começando e quem disse que eu iria dormir até ao meio dia? Acordei as 6 da manha para falar com minha mãe no MSN, mas ela não apareceu, rs... Então resolvi voltar a dormir, a final eu iria para o coral de natal apenas à tarde. Deixei o computador ligado e me acordaram logo depois. Quem será? (vê se da próxima me acorda com bom dia, rs...) enfim, fiquei no MSN até as 11 da manha, depois fui tomar café. Vocês acreditam que a Faith reservou dois potinhos de salada de fruta para mim? Deve ser o espírito de natal. Rs.
Quando foi uma e meia da tarde nós fomos para a igreja assistir ao coral de natal. A menina que mora aqui em casa que eu nunca vejo, iria com a gente, mas ela preferiu esquiar (eu deveria ter feito o mesmo), então só foi eu, Faith, Stefis e Saul.
A igreja estava lotada, isso porque a atração só iria começar às 3 da tarde. Nos encontramos com alguns amigos da Faith. Eles me encheram de perguntas, fiquei feliz, entendi todas e consegui também responder.
O espetáculo começou na hora marcada, eu dormi no começo do espetáculo. Gente, eu estava morta de fome e de sono, não consegui manter meus olhos abertos, rs... mas depois eu acordei e vi tudo, tudo. Foram aproximadamente duas horas de atração, teve coral e teatro assim como no da semana passada, só que hoje foi na igreja da Faith, Willingdon Church, o evento se chamava: The Christmas Party. Foi bem legal, eu achei um pouco cansativo (mesmo porque eu já estava cansada) porque dessa vez a atração foi como um musical e eu não gosto muito de musical, então para o meu gosto eu prefiro o da semana passada, mas o de hoje foi um espetáculo em relação a roupa, musica, coral, cenário, enfim, para quem gosta de teatro foi um grande show, tudo isso por 10 dólares.
Saindo da igreja estava chovendo, e acreditem nevando também. Foi à primeira vez que nevou aqui desde que eu cheguei. Eu sei que tem um nome certo quando chove e neva ao mesmo tempo, mas eu não sei, ok?! me desculpem, rs.. que coisa linda. Eu quase chorei a hora que senti a neve caindo em mim. Eu sei que pode parecer ridículo eu falando isso, mas quem já viu neve me entende. Percebemos que o mundo é muito maior do que achamos, que a natureza pode nos ensinar muito e que as maiores maravilhas do mundo estão na criação de Deus!!  
Depois do espetáculo de alguns minutos de neve (não nevou muito) fomos jantar na casa de um casal de amigos da Faith. Sabe aquele jantar com mil talheres e copos, que a gente não sabe onde colocar a mão? Então, foi assim. Posso dizer que no inicio eu fiquei com um pouco de vergonha, afinal eu não conhecia ninguém, mas depois que começou a servir a comida, descobri que eu iria matar toda a minha fome naquele lugar. Eles serviram sopa, mas foi sopa com gosta de Brasil. Que coisa boa! Sopa de carne para comer varias vezes, e foi o que eu fiz, rs... depois, teve varias sobremesas também uma melhor que a outra, e eu comi todas. Me lembrei muito dos meu avós lá, deu uma saudade, uma vontade de comer comida de avó, sabe? De receber os cuidados que só avó e avô sabem dar. Me deu saudade de receber aquele olhar de como quem está tentando dizer: Tenho orgulho de você!!!
Depois do jantar, Faith ficou lá conversando, eu e as meninas locas para vir embora. Nós estamos todas mortas, querendo tomar banho e claro entrar na Internet, rs... até que nossa anfitriã se tocou e resolveu vir para a casa.
No caminho passamos por algumas casas enfeitadas de natal e aproveitamos para tirar foto. Aqui eles enfeitam as casas como aí no Brasil, umas com muita luz e outras com pouca luz, mas o que me chamou a atenção é que eles não fazem presépio como decoração de natal, apenas usam luzes, arvore de natal e o Papai Noel. Essa festa aqui para eles é muito importante, eles decoram as casas todas por dentro e deixam as janelas e portas abertas para que todos possam ver a decoração. Aqui em casa tem arvore de natal até no banheiro, vocês acreditam? Eles já estão desejando feliz natal desde já, trocando presentes e cartões. Estão também se preparando para a ceia.
Até quem fim chegamos em casa. Eu estava morta, então resolvi ir dormir, afinal o final de semana estava apenas começando!!
Esqueci de contar que minha mãe encheu minhas roupas de bilhetes, e cada vez que eu vou colocar uma roupa aqui, encontro algo dela, e claro choro sempre, mas as mensagens estão me ajudando muito. Depois que tentei ligar para ela ontem e não consegui, incrível, achei um bilhete dela que dizia: “o caminho mais valioso para o sucesso é sempre tentar mais uma vez”. Parece que foi coisa de Deus, neh?! É engraçado que quando eu percebi que existiam esses bilhetes eu olhei todas as minhas roupas e não achei outras mensagens, mas elas estão aparecendo, rs... depois do passeio de ontem eu acordei bem melhor. Acho que a TPM já passou. Kkk..
A frase de hoje é a frase da minha mãe, ok?! O caminho mais valioso para o sucesso é sempre tentar mais uma vez.

Coral de Natal



Isso é apenas uma casa enfeitada



Enfeite de dentro da casa dos amigos da Faith