Octogésimo Terceiro dia – 24 de Fevereiro – Quinta feira

Acordei e já percebi que meu dia não iria ser bom, pois encontrei um cabelo na minha salada de fruta. Eu não agüento mais isso, estou louca querendo comer a comida da minha casa, não agüento mais o gosto da comida aqui de casa, cheguei a um ponto que tudo me irrita, tenho nojo de tudo, não suporto nem olhar para uma simples salada de fruta, se eu fosse ficar aqui mais tempo, não iria agüentar comer aqui. Como não consegui comer nada no café, fui para o Tim Hortons e comprei dois Pães com creme e chocolate, eu precisava comer algo que me deixasse feliz, pois encontrar cabelo na comida logo de manha deixa qualquer pessoa irritada.

O dia estava lindo, um sol que doía até os olhos, mas o frio persiste, essa semana é o record de baixa temperatura no mês de fevereiro, e na minha opinião, é também a semana mais fria desde que cheguei, pois o termômetro marcou hoje entre menos 4 e menos 6, mas a senção térmica é bem menor.

Na escola o dia passou bem rápido, a professora finalizou a matéria da semana e nos deu algumas dicas do que vai cair na prova de amanha, além de dar muitas tarefas.

Já na hora do almoço, Renato foi comer com o pessoal da sala dele, eu, Gabi e Jéssica partimos para a salada, meninas únicas para vencer a balança, apesar que não está adiantando nada, mas somos brasileiras e não desistimos nunca, certo? Quando terminamos de comer, abrimos o livro e começamos a contar qual era nossas duvidas sobre a matéria que iria cair em nossas provas, uma foi ajudando a outra. Saímos do shopping e foi cada um para a sua casa, precisávamos estudar, além de que todo mundo estava com dificuldade para memorizar o vocabulário da prova, era muita coisa.

Eu não consegui estudar tudo o que eu precisava, pois era muita coisa para decorar e eu tive muitas duvidas, mas sem o menor peso na consciência jantei e resolvi sair essa noite. Estou na ultima semana e de verdade, compromisso agora é o que eu menos quero, preciso viver o que ainda me resta, pois no final de semana entro na contagem regressiva para voltar para o Brasil.

Encontrei-me com a Jéssica e com a Gabi e fomos para o Au Bar. Quando chegamos não tinha muita gente na fila, então entramos rapidinho, não passamos muito frio. A festa estava cheia de brasileiros, mesmo porque até o segurança do local fala português. As musicas estavam ótimas, um clima bem diferente da balada de ontem. Não tinha muita gente conhecida, então aproveitamos para fazer novos amigos.

Estávamos nos divertindo até que uma mulher bateu a mão no olho da Gabi e acabou machucando, ela não conseguia abrir o olho, esperamos um tempo e olho dela não melhorava, então resolvemos ir embora, mesmo porque estávamos mortas de fome, pois todas nós havíamos jantado sopa, ou seja, mesma coisa que nada.

Resolvemos comer e fomos para o Tim Hortons. Eu comi mais um pão de creme e chocolate (três só hoje), as meninas também não resistiram e acabaram comendo. Ficamos lá conversando por um tempo e depois fomos embora, a final saímos a semana toda, o cansaço estava começando a bater, mas pelo menos a noite de hoje valeu a pena!

Octogésimo segundo dia – 23 de Fevereiro – Quarta feira

O que esperar de um dia congelante? Foi o que pensei assim que acordei, pois o frio estava de doendo até meu cérebro, mas frio é psicológico, certo? Então criei coragem levantei me arrumei e fui para a escola.

Hoje ganhamos mais um colega de classe, é um árabe, o nome dele é Mohamed, assim como todos os árabes, ele não fala muito bem inglês, é bem tímido e se comunica apenas com os outros árabes da classe. Lily nem sabia que teria um novo aluno na sala, ficou sabendo apenas quando ele chegou, porque o dia de novos alunos é na terça feira.

A aula passou rápido hoje, fizemos um jogo que confesso nunca ter dado tanta risada na minha vida. Nós aprendemos o nome de varias partes do corpo humano, mas varias mesmo que iam desde o pé até o cordão umbilical, então logo depois fizemos um jogo para memorizar. Minha professora distribuiu vários pedaços de papel com nome de varias partes do corpo, então quando a musica parasse nós teríamos que tocar o colega um colega com a parte de nosso corpo que estava no papel que ganhamos (será que deu para entender?). Conclusão foi só risada! A hora hoje voou.

Almoçamos no mesmo lugar de sempre, mas hoje eu comi comida de verdade, meu estomago estava gritando tão alto, que eu até fiquei com vergonha na sala de aula, mas isso não significa que eu desisti do meu regime.

Almocei e vim para a casa descansar e começar a organizar as coisas para ir embora, não estou fazendo as malas ainda, mas tinha muita coisa fora do lugar, mas a Internet não me deixou fazer isso, meus planos mais uma vez ficaram só nos planos. Talvez possa parecer bobagem eu ficar na Internet uma tarde toda, mas é a única forma que tenho para não ficar tão ausente da vida das pessoas que eu amo, pois já tem gente reclamando que eu mudei e esqueci meus amigos.

Participei do jantar normalmente hoje, e o assunto foi minha programação para minha ultima semana; depois de uma hora de conversa fui me arrumar, a final hoje é dia de Caprice. Renato e Gabi não foram, eu e Jéssica como não perdemos uma festa, marcamos de nos encontrarmos no Tim (Como sempre). O frio desanimava qualquer um (a baixo de zero), mas nós fomos mesmo assim.

Chegamos na porta da Caprice à fila estava gigantesca, assim como nos últimos meses quando a cidade estava lotada de brasileiros. Nós tivemos que ficar no final do fila e acabamos conhecendo dois meninos do sul, muito gente boa os garotos. Depois de aproximadamente 15 minutos, a fila não andava, Jéssica encontrou um amigo que já estava bem perto da entrada da balada, não tivemos duvida e cortamos a fila, sei que isso é errado, mas o frio não dava, ou fazíamos isso ou voltávamos para a casa.

Como a fila estava grande achamos que a festa iria ser boa e entramos muito animadas, mas não foi dessa vez. A balada ficou muito lotada, mas tinha um povo muito estranho que nunca vimos, tinha muito coreano e árabe e um pessoal muito mal educado, sem contar que acho que todo mundo resolveu ir para a balada sem tomar banho, o cheiro era insuportável, dava até vontade de vomitar. Dessa vez as musicas não estavam ruins, mas o clima da festa não era legal. Ficamos apenas 2 horas e viemos embora nos perguntando: O que está acontecendo com a Caprice?

Octogésimo primeiro dia – 22 de Fevereiro – Terça feira

Dias melhores para sempre!!! Nada melhor do que um dia após o outro, certo? Acordei bem melhor hoje e sem vontade nenhuma de voltar para o Brasil. Mãe me deixa ficar mais? Por favor, por favor... na verdade sei que se fosse simplesmente pela vontade dela eu ficaria, mas uma viagem internacional não fica barata, você se planeja para gastar um valor e depois acaba gastando um bem maior e alem disso tenho meus compromissos no Brasil.

Resolvi que vou para a escola e dar o melhor de mim, mas depois da 1 e 10, horário que acaba a aula, eu vou aproveitar, pois essa ultima semana vai passar muito rápido e eu não quero chegar no Brasil e achar que algo poderia ser diferente, então vamos que vamos que a semana só está começando (saudades do Enzo).

Na escola hoje foi tudo normal, Lily voltou a dar aula, mas o tempo demorou a passar, mesmo porque a matéria que ela ensinou hoje eu já sabia, então foi muito cansativo, mas para amenizar eu resolvi fazer uma boa ação. Tem um árabe na minha sala (Susu) que eu conheci na minha primeira semana de aula, ele ficou 5 meses no nível 1 e semana passada passaram ele para o nível 2, mas ele tem muita dificuldade, todo mundo da sala ri dele, a professora parece não ter muita paciência, então como eu já sabia a matéria dei uma de professora particular, passei amanha todo repetindo o que Lily havia explicado, fiz desenho, pintei algumas palavras, tudo para que ele entendesse. Lily não falou nada, na verdade acho que até gostou porque ela me deixou explicando a matéria e seguiu a aula normalmente. Confesso que acho que não ajudei muito, pois Susu tem muita dificuldade, ele precisava de uma professora que ensinasse para ele vocabulário, pois ele não sabe nada, assim fica muito difícil de conversar.

Na hora do almoço fomos almoçar ao Pacif, Renato não foi, ele já está abandonando a gente aos poucos, então eu Gabi, Jéssica e Nathalia fomos juntas comer salada, meninas unidas pensando na volta para o Brasil, digo isso porque eu e Gabi vamos embora no próximo final de semana, Nathalia volta em duas semanas, apenas minha dupla fica em Vancouver até maio.

Terminamos o almoço às 2 da tarde, as meninas foram para a aula e eu fui fazer mais uma seção de compras, na verdade acho que nessa ultima semana comprar será minha rotina, tenho que levar coisas para mim, para minha mãe que quer uma lista de coisas, meus amigos e encomendas da minha família, então hoje tirei dia para fazer compras para eles.

Primeiro fui a uma loja de eletrônico (http://www.futureshop.ca/), essa loja é uma das melhores e mais conhecidas aqui no Canadá, vende todo tipo de eletrônico, desde de Tv até vídeo game. Como é uma loja muito freqüentava por brasileiros existem dois vendedores que falam português, mas eu não tive sorte nenhum deles estava na loja, então lá foi eu conversar de novo em inglês com o atendente. Precisa comprar um porta retrato digital para a minha tia, o problema é que tinha 15 modelos diferente, então não teve jeito, pedi para ele me explicar a diferença entre eles, é claro que não entendi muito bem, e acho até que ele percebeu isso, até que teve uma hora que ele me mostrou um modelo e me disse que muitos brasileiros compravam, então não tive duvidas, comprei ele mesmo.

Saí da loja e fui para o shopping comprar mais coisas, mas dessa vez foi camiseta para o Dudu da oakley, o problema é que existe apenas uma loja no shopping que vende essa marca e eu fiquei uma hora rodando o local para achar a loja, pois o shopping é muito grande. Finalmente quando achei a loja pensei: Vou entrar pegar as camisetas e pagar, mas meus planos não deram certo, pois estava uma bagunça no local, eles estavam trocando a coleção e eu não conseguia achar nada, então tive que pedi ajuda para o atendente. Que maravilha, essa semana eu estou falando todo o inglês que nunca falei na minha vida toda. Não achei tudo o que queria na loja, mas mesmo assim voltei para a casa, pois não existe outra loja da oakley no shopping.

Estava muito frio, mas mesmo assim resolvi sair de casa, então me arrumei e fui para Downtown me encontrar com as meninas, o local escolhido foi Forum. No caminho nos encontramos com o Diogo e com o Tarcisio e fomos todos juntos, o problema é que hoje é dia de jogo de Hockey, então o pub estava lotado, tivemos que esperar cerca de uma hora para conseguir uma mesa, até que finalmente o jogo terminou e o pub virou balada. Não fiquei muito tempo por lá, voltei cedo para a casa, a final a semana está apenas começando. Me diverti bastante, dei muito risada com os meninos, a final esses cariocas vão deixar saudade.

Octogésimo dia – 21 de Fevereiro – Segunda feira

Acordei hoje só sabia pensar em uma coisa: Quero voltar para a casa! Não sei o que aconteceu, meu final de semana foi ótimo, conheci lugares que jamais vou esquecer, mas à vontade de pegar minhas coisas e ir para Guará predominava em minha mente.

Chorei um pouco pela manha e fui para a escola acreditando que eu poderia mudar esse sentimento durante o dia, a final a semana estava apenas começando, mas pelo contrario, as coisas só pioraram, pois cheguei na escola e recebi a noticia de que eu não poderia mudar de nível. O dia acabou para mim! Fui para aula sem a menor vontade de nada, não conseguia me concentrar e ainda por cima minha professora estava doente e foi uma outra mulher da aula, que por sinal uma aula muito chata.

80 dias em Vancouver e eu nunca imaginei que à vontade de ir embora chegaria. Na hora do intervalo liguei até para a minha mãe, queria poder voltar hoje para a casa, queria ouvir dela: Então volta! O sentimento era o mesmo nas minhas duas primeiras semanas aqui, uma vontade desesperadora de ir para a minha casa. Minha mãe não atendeu ao telefone, então liguei para a minha avó, precisava ouvir a voz de alguém. Não contei para ela o que estava acontecendo, mas ela pareceu sentir e me disse que não via a hora de me ver novamente, pois a saudade estava grande. Desliguei o telefone e desabei a chorar.

Já no almoço consegui me animar um pouco, pois Gabi viu que eu estava triste e me chamou para fazer compra. Tem algo melhor para deixar uma mulher feliz? Terminamos de comer e seguimos para o outlet, pois é outlet! Mas eu prometo que foi a ultima vez que fui lá, mesmo porque não tenho mais um dólar para gastar e olha que ainda falta muita coisa para eu comprar.

Eu e Gabi prometemos que não iríamos demorar muito lá, íamos apenas comprar o que faltava, mesmo porque estava muito frio e na hora que chegamos lá começou a nevar. Gabi foi para a Tommy e eu para a Guess, tinha que comprar umas coisas para a minha mãe, mas me esqueci por alguns minutos que eu sou pobre e gastei de mais, não contente fui para a Tommy logo depois e gastei mais um pouco, mas tem uma vantagem, não vou comprar nada de inverno no Brasil, rs.... será????

Saímos do outlet cheias de bolsa, Gabi até disse que a cena merecia uma foto. Chovia e ventava muito e a gente igual loca no meio da chuva indo para o ponto pegar o onibus, mas o melhor ainda estava por vir... As sacolas que estavam nossas coisas eram de papel, então você já pode imaginar o que aconteceu, certo? Bem na hora que nós estávamos atravessando a rua o ônibus chegou no ponto, então saímos igual duas locas, mas a bolsa da Gabi arrebentou, foi bolsa da Guess para um lado, catalogo da loja para o outro, ela ficou muito brava e eu só sabia dizer: Vem Gabi, Vem Gabi... a nossa sorte foi que o motorista do ônibus esperou a gente, pois a gabi juntou tudo o que caiu, colocou em baixo do braço e correu para o ônibus, quando entramos no veículos o motorista estava rindo da nossa cara. (Gabi me desculpa, mas a cena que você protagonizou deixou meu dia melhor!!!)

Septuagésimo nono dia – 20 de Fevereiro – Domingo

Sol? Sim, tem um sol maravilhoso hoje, não tem como acordar mal disposta.

Levantei muito empolgada, a final hoje iríamos para Deep Cove, já eu prometi que iria voltar lá e hoje vou pagar a promessa. Meu café da manha não foi tão bom assim, pois tinha pão com ovo (ótimo) e uma salada de fruta feita ontem, então algumas frutas estavam com cara de passadas, confesso que amo fruta, mas não consegui comer, joguei tudo no lixo com muita dor no coração, mas o dia estava tão lindo que definitivamente isso não iria atrapalhar os meus planos.

Me encontrei com a Gabi as 10 horas em Downtown e ficamos esperando a prima da Jéssica, mas cansamos de esperar já que estávamos no frio a 45 minutos, então fomos para o seabus encontrar com a Jéssica, no caminho recebemos uma mensagem dela no celular dizendo que o local do encontro havia mudado, então lá foi eu e Gabi para Phibis Exchange. Quando chegamos lá ela ainda não estava, apenas a Giovana (prima de Jéssica), ficamos um tempo esperando e nada, então resolvi fazer algumas ligações para o Brasil, gastei todas as minhas moedas. Depois de duas horas do horário marco, chega Jéssica, Gabi já estava desanimada, confesso que eu também, mas minhas aventuras no Canadá estão chegando ao fim, então eu tinha que aproveitar o dia, não sei quando vai fazer sol de novo.

Gabi resolveu ir para a casa, eu, Jéssica e Giovana resolvemos cumprir o combinado. Esperamos pelo ônibus durante 17 minutos, e lá fomos nós para Deep Cove. Depois de aproximadamente 20 minutos chegamos finalmente no destino idealizado a semanas e nem mesmo o frio fez com que a gente desanimasse. Tiramos algumas fotos ali na vila e depois fomos procurar a trilha que dá acesso ao cenário do filme crepúsculo.

Conseguimos achar com muita facilidade o lugar, já que é bem visitado, então apenas seguimos o fluxo e encontramos o inicio da trilha, essa que por sinal fica em um local um pouco escondido, entre duas casas, mas não tem como não achar, o local é bem sinalizado, como tudo aqui no Canadá.

Ficamos tão empolgadas que começamos a subir a trilha muito rápido, no inicio existe uma escada, mas depois vira trilha mesmo, com chão de terra e muitas arvores pelo caminho, o trajeto vai ficando mais difícil, então eu me cansei muito, achei que não fosse agüentar, sentei em uma pedra e falei para as meninas irem porque eu não iria agüentar, mas ao mesmo tempo eu queria muito ir, porque todas as pessoas que foram falaram muito bem do local, além disso o sol estava brilhando, um dia melhor do que o de hoje nunca mais.

Respirei fundo e pensei nos meus 10 quilos (iria caminhar, isso ajuda a emagrecer, rs...), então criei coragem para seguir a trilha que estava apenas no começo.  Caminhamos durante uma hora, isso mesmo uma hora, fomos bem de vagar porque o caminho era cheio de subida com raízes de arvores que devido à umidade ficava escorregadio.  A trilha é toda marcada por pontos cor de abóbora, então não tem como se perder, além de que o caminho é bem conduzido por pontes e escadas.

Uma hora caminhando, nós já estávamos no maximo de nossas forças, eis que surgi uma pedra na nossa frente, era ela, foi ali que foi gravada a cena onde a Bella se joga no mar (http://www.youtube.com/watch?v=awgAyX2ar_w), mas isso era o que menos nos importava, porque a visão que tínhamos parecia coisa de sonho, eu nunca poderia imaginar conhecer um lugar daquele, não há palavras que descreva, não há vídeos e nem fotos que mostre a verdadeira beleza do local, só vendo com os próprios olhos para entender o que eu estou dizendo, posso afirmar que lugar mais lindo no mundo não há! Pelo menos ainda não conheci.

Tiramos muitas fotos, demos risada, e ficamos em silencio também, mas aquele silencio que vem com saudade, depois de alguns minutos apenas observando a paisagem, eu Jéssica olhamos uma para a outra, como nas cenas de filme, e comentamos que só faltava ali as pessoas que nós amamos, depois disso o silencio tomou conta e nossos pensamentos se voltaram para o Brasil.

Ficamos no local por cerca de uma hora e com nossas forças recuperadas era hora de voltar. O mesmo silencio que tomou conta de nós na pedra prevaleceu por todo o caminho que foi bem menos cansativo, demoramos apenas 40 minutos, mesmo porque não existia tanta subia. Quando terminei olhei para o céu e disse: Obrigada Senhor!!!

Meu estomago gritava, já era quase 4 da tarde e eu estava apenas com o café da manha e umas barras de cereal, as meninas também estavam com fome, sendo assim resolvemos comer algo por lá mesmo. Andamos pela vila e escolhemos um restaurante logo no começo, Gallant Cuisine (rua gallant avenue, 4361). Resolvemos comer lá porque a comida era caseira, ou seja, tudo o que precisávamos naquele momento. Eu e Jéssica comemos lasanha, que por sinal estava ótima. O restaurante é bem simples, nada de luxo, mas a comida é muito boa.

Logo que terminamos de comer voltamos para Downtown, pois já estava escurecendo e ficando ainda mais frio. No caminho o assunto foi claro o perfeito dia que tivemos, mas para encerrar o domingo com chave de ouro, estou eu no ponto de ônibus sozinha, no maior frio a espera do meu ônibus para ir para a casa, eis que passa a Faith de carro, ela estava mostrando a cidade para o japonês que chegou em casa, ele chegou ontem à noite, o nome dele é Yuki, ele não fala muito bem inglês. Agora eu pergunto: eu tive ou não um ótimo final de semana?

Septuagésimo oitavo dia – 19 de Fevereiro – Sábado

Que sábado foi esse? Eu acordei as 8 da manha muito disposta, com o sol batendo na minha janela e aquecendo a minha cama, confesso que quando senti o sol batendo no corpo, tive vontade enorme de ficar deitada na cama o dia inteiro de bobeira, mas o desejo de ver como estava o dia lá fora foi maior, então apenas levantei a cabeça e vi um céu azul, sem nuvem nenhuma e uma montanha coberta de neve, que estava mais branca do que de costume porque o sol batia na neve e refletia uma luz incrível, então resolvi me arrumar e ir me encontrar com as meninas.

Eu, Gabi e Débora (a amiga dos meninos do Rio) nos encontramos no seabus e fomos para Norte encontrar com a Jéssica, já tínhamos nosso dia programa desde as 9 da manha até o por do sol. Pegamos um ônibus no seabus e seguimos para o Lynn Canyon Park, o dia estava maravilhoso, essa foi à quarta vez que eu estava indo lá, mas em nenhuma das vezes o sol brilhava tanto como hoje. Assim que pise no park me lembrei claro do dia que o Gabriel perdeu a bolsa e contei tudo como foi para as meninas, mostrando todos os lugares, a saudade apertou muito forte. Eu fui a guia do grupo, fui escolhendo o melhor caminho entre as arvores e parando nos lugares que eu julgava ser o mais bonitos para uma seção de fotos.

As meninas amaram o tudo, e eu também, pois além de relembrar momentos incríveis que vivi ali no inicio da viagem, enxerguei tudo de uma outra forma, coisa de mulher isso, rs, consegui ver beleza onde eu ainda não tinha visto, percebi que não foi a toa que o lugar foi o cenário do filme X-men 3. Depois de algumas fotos, chegamos no final do park, meu local preferido, e acredito que as meninas também acharam isso, pois o espetáculo do local é a ponte suspensa, mas o lago que forma um pouco antes da ponte, não tem como descrever, não há foto nem vídeo que mostre a verdadeira beleza do local. Como o dia estava muito bonito, tinha muitas pessoas no local, mas nós resolvemos fazer uma seção de fotos, ficamos cerca de uma hora na pedra mais desejada por todos tirando fotos de todas as formas, mas de todas as formas mesmo, pois até deitamos na pedra achando que estávamos no calor no Brasil.

Passamos a manha inteira no park e fomos embora na hora do almoço. Como nós ainda queríamos ver o por do sol no park do farol, comemos Mc Donald (no final de semana pode, neh?) no seabus e seguimos para Downtown, fomos de skytrain encontrar a prima da Jéssica que chegou hoje em Vancouver, ela tem apenas 17 anos e está naqueles dias que só chora e quer ir embora, então como todas nós já passamos por isso, resolvemos dar uma ajuda para a garota e fomos buscá-la para um passeio. Como é final de semana o skytrain não estava cheio, então fomos e voltamos para Downtown bem rápido.

Já no centro de Vancouver seguimos para o ponto de ônibus que fica em frente a London Drugs, esperamos por alguns minutos e lá veio o nosso ônibus. O veiculo estava cheio, além de um transito horrível, bem parecido com o que existe em São Paulo, estava tendo algum evento nas ruas próximas ao local e o transito estava sendo desviado por uma única avenida. Eu e as meninas fomos as atrações do ônibus, imagina só 5 garotas falando alto dentro de um ônibus, e falando português ainda, não podia dar outra a não ser chamar a atenção, certo? Rs... Nós não sabíamos onde era o park, então ficamos pedindo informação para todo mundo, cada pessoa que entrava no ônibus tinha que responder uma questão, até que uma senhora falou para a Gabi que nós iríamos descer do ônibus duas estações depois dela, mas essa estação nunca chegava. Depois de 45 minutos finalmente chegamos no Lighthouse Park.

Como demorou muito o trajeto, não tivemos muito tempo para ficar no local, pois além do frio que estava muito forte, a iluminação já era bem precária, então fomos apenas até o farol, e de lá vimos o por do sol. Tenho certeza que no momento em que o sol estava se pondo, cada uma de nós pensava em alguém, e esse alguém era especial de mais, pois o que presenciamos era cenário de novela. Não conseguimos chegar perto do farol porque o acesso é restrito, e de acordo com algumas pessoas que estavam lá, esse lugar abre apenas no verão. Nós tiramos algumas fotos e depois resolvemos voltar para Downtown, pois já estava escuro e muito frio.

Na volta minha cabeça doía muito, assim como meus pés, mas eu ainda tinha uma noite toda pela frente. Chegando no centro de Vancouver, todo mundo resolveu ir embora, mas eu e Jéssica (minha dupla) resolvemos comer crepe. A Jéssica fala desse crepe desde o dia que ela chegou em Vancouver, então como ela me pediu para ir com ela, eu não consegui dizer não, mesmo porque eu não queria ir mesmo, rs... o local se chama Café Crepe e fica no numero 796 na Granville. Existe crepe de todos os jeitos, eu escolhi comer o de morango com chocolate e paguei 8 dólares, mas compensa muito, pois é muito bom. O lugar vive cheio, mas o crepe fica pronto bem rápido. Eu recomendo.

Enquanto apreciávamos nosso jantar (crepe de chocolate) eu e meu par resolvemos não ir para a balada, mesmo que a festa fosse a Venue e que ela seja umas das melhores festas além de ser bem freqüentava (o ator Robert Pattinson, o Edward do crepúsculo estava na balada a duas semanas atrás) decidimos ir para a casa e descansar, pois andamos muito hoje, além de que temos muitos planos para manha. Mas será que vai fazer sol?

Septuagésimo sétimo dia – 18 de Fevereiro – Sexta feira

Muitos planos para o dia de hoje, porque? Primeiro porque hoje é o ultimo dia de aula da semana; segundo porque tenho uma semana a menos em Vancouver; terceiro porque hoje tem sol; quarto porque amanha é sábado, quinto porque amanha também terá sol, sexto porque eu estou feliz porque tem sol; sétimo porque quando faz sol o frio é ainda maior, oitavo porque hoje tem show da Claudia Leite na minha cidade e eu não vou, nono .... ahh, não tem o nono.. rs.

Fui para escola bem feliz e assim fiquei o meu dia todo!! No primeiro período revisão e no segundo período prova, que por sinal não estava difícil, mas eu fui super bem no teste escrito e no de gramática eu tirei apenas a media, fiquei um pouco desanimada porque com esse resultado acho que não vou conseguir passar para o próximo nível, mas depois de alguns minutos resolvi que isso não iria acabar com o meu final de semana lindo de sol.

Na hora do almoço foi aquele vai não vai de novo, cada um queria ir para um local, mas eu, Gabi, Jéssica e Nathalia decidimos almoçar salada e depois ver o por sol no park do farol. O problema é que nós comemos salada, eu ate comi na sobremesa fruta (esse regime....) mas nossos planos pararam por aí, pois eu tinha que trocar o meu tênis (comprei numero errado), então quando saímos da loja já era tarde, mas mesmo assim resolvemos ir para o park, o problema é que o ônibus não chegava nunca, a fila no ponto estava muito grande e o sol já estava se pondo, foi quando resolvemos desistir do park e fazer compras (viva o cartão de credito). Nathalia e Gabi foram para a Guess e eu Jéssica fomos para a H e M (acho que essa marca não é conhecida no Brasil, mas de acordo com a Jéssica, a Gisele Budchen é a nova garota propaganda, não sei como ela sabe disso, acho que a Gi ligou para ela e contou, kkk...) e depois fomos para Gastown comprar os presentes dos meus amigos, na verdade achava que esse dia nunca iria chegar, parecia tão distante a data de ir embora, fui com o Gabriel, com a Moara, com o Marcel fazer essas compras de final de viagem, mas nunca imaginei que o dia das minhas compras também iria acontecer. Foi muito estranho, pois ainda faltam alguns bons dias para eu ir embora, mas preferi já eliminar esse compromisso, bateu uma dor no coração, uma vontade de ligar para o Brasil e dizer: Mãe, não vou voltar não!!!

Depois das compras voltei para a casa, a final hoje é dia de ir para a balada, mas como eu disse, minha sexta feira ficou apenas nos planos, pois cheguei em casa tomei banho e fui jantar, ou melhor, fui comer alface, Faith não fez comida hoje, ela comprou uma meleca de pimentão com repolho e Lula, eu tinha que colocar isso dentro de uma folha de alface e comer. Tudo bem que eu estou de regime, mas comer pimentão picado dentro da folha de alface não é para mim, conclusão eu não jantei, então tive que comer bolacha recheada, fim do regime.

Eu e Jéssica resolvemos não sair de casa essa noite, pois a previsão do tempo para amanha é de sol, e como faz uma semana que só chove nós preferimos trocar nossa noite badalada de sexta por uma boa noite de sono (fui dormir mesmo, porque não tinha uma única pessoa na Internet, quem está em Vancouver foi para a balada e quem está no Brasil foi para o show), assim podemos acordar cedo amanha e aproveitar bem o dia, já que finalmente vamos conhecer o park do farol, assim eu espero!

Septuagésimo sexto dia – 17 de Fevereiro – Quinta feira

Que frio é esse? Quando eu acho que o inverno já está indo embora, que a primavera já está para começar (quando começa a primavera? Rs), que o pior do frio de Vancouver já passou e que já posso guardar meus casacos na mala e começar a comprar roupa de verão, me deparo com um frio estúpido (como diz meu amigo Renato) ao acordar.

Não sei quanto estava de temperatura, talvez menos três, mas o frio estava doendo todos os meus ossos, até dentro de casa estava frio, então resolvi colocar todas as minhas blusas, o problema é que não entrou mais do que duas mesmo porque o excesso de gordura que toma conta do meu corpo nesse momento não permitiu, mas nem tudo é perdido, todos esses dias comendo salada resultou que eu pude recolher uma calça que estava no cabide das calças que não entravam em mim, agora ao contrario de duas calças eu já tenho três para usar, fiquei tão feliz que enfrentei o frio no melhor bom humor possível.

Na escola nenhuma novidade, a única coisa que realmente chamou a atenção dos alunos foi o momento que começou a nevar, pois é nevou hoje de novo. Estava eu lá viajando na aula (tem um momento que acontece isso, certo?) então olhei pela janela e começou a nevar eu fiquei admirando a beleza da neve e a professora (ela sempre me pergunta as coisas quando eu estou com os meus pensamentos longe) resolveu fazer uma pergunta para mim, eu olhei para ela e pedi desculpa e disse que eu estava entretida com a neve, mas porque eu fui responder isso? Todos os meus colegas de classe olharam para a janela e ficaram admirando também a beleza da natureza que não durou muito tempo, o espetáculo permaneceu apenas alguns minutos e só depois que terminou a professora conseguiu voltar a dar aula.

Depois da aula almocei e vim para a casa, pois eu queria estudar e dormir antes de sair, hoje é quinta feira, dia de Au Bar (a balada brasileira). Como meu ônibus demora 50 minutos para chegar até o local onde eu moro, posso fazer muitas coisas durante o caminho, entre elas pensar na vida e hoje pensando no ônibus cheguei à conclusão de que Vancouver já deu para mim. É estranho escrever isso aqui, porque eu sempre digo que estou muito feliz, que não quero ir embora, que nunca fui tão feliz na minha vida como estou sendo aqui, que eu queria viver para sempre no Canadá, mas desde o ultimo final de semana percebi que não tenho mais nada para fazer aqui. Estou me sentindo assim porque só chove e eu vou para a escola e depois venho para a casa, minha vida está caindo na rotina novamente assim como era no Brasil, e o fato deu amar Vancouver é porque minha vida aqui era bem diferente, sinto que não tenho mais lugares para conhecer, sinto que até as festas já estão ficando chatas. Será que realmente chegou à hora de ir embora?

Quando cheguei em casa resolvi dormir para ver se esses pensamentos saiam da minha cabeça. Depois de uma hora e meia de sono, acordei com meu MSN gritando, na verdade não sei porque eu sempre me esqueço de abaixar o som do computador, então não teve jeito, o vicio de MSN falou mais alto e eu acordei. Fiquei conversando com meus amigos durante meia hora, às 6 horas da noite, hora do meu jantar eu fui para a cozinha comer, mas tive uma surpresa, não tinha comida, não tinha Faith, tinha só meu estomago fazendo barulho e nada mais. Voltei para o quarto e fiquei com a porta aberta para ver se eu escutava barulho de alguém, uma hora depois Faith me chamou para jantar. Quando cheguei na cozinha ela me pediu desculpas e me disse que como estava muito frio ela dormiu de mais. Alguém desconfia do frio que estava aqui?

Resultado de quinta feira: Casa, escola, casa. Não sai, estava muito frio!!!