quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sexagésimo dia – 1 de Fevereiro – Terça feira

A vida segue. É isso que temos que pensar aqui a cada despedida, como é difícil saber que as pessoas estão indo e eu estou ficando, agora está começando a bater uma vontade de ir embora, as coisas não são mais como eram antes. Como pode, em um mês tanta coisa acontecer, sendo assim tenho que pensar que tenho mais um mês para que as coisas também aconteçam.
O dia amanheceu ensolarado, estava lindo apesar do frio. Fiquei até animada para ir para a escola, tomei meu café e quando estava saindo da cozinha, deu de cara com um japonês com um pijama de bolinha (quase a visão do inferno). Ele perguntou qual era o meu nome e me disse que Faith já havia falado de mim, então dei bom dia para e ele e fui para a escola. Os dois quartos que estavam vagos aqui em casa estavam com a porta fechada, então imaginei que além do japinha, existiam outras pessoas também.
Peguei o mesmo ônibus de todos os dias, mas ele estava vazio, na verdade a cidade já está ficando vazia, não tem mais tanto estudante na cidade, antes dentro do ônibus só ouvia português, agora nosso idioma não é mais prioridade, os coreanos e japoneses estão em maior numero.
Chegando na escola descobri que existia um aluno novo, ele é brasileiro e se chama Ismael, é da mesma cidade que a Gabi (Tubarão). Ele teve uma boa impressão sobre a aula do segundo período, pois minha querida professora deu uma ótima aula hoje, foi a primeira vez que aproveitei algo que ela falou nessas ultimas semanas, mas como nem tudo é perfeito, ela implicou de novo com os lugares que estávamos sentados, e coincidência ou não, ela mudou apenas os brasileiros de lugar. Na hora do intervalo, Luciana veio me falar que nossa amada professora entende português, então está explicado o porque ela não gosta dos brasileiros da minha sala, nós falamos mal dela todas as aulas, rs...
Finalmente chegou a hora de almoçar e foi muito estranho, pois estávamos acostumados a sentar em uma mesa enorme para que todo mundo comesse junto, agora não é mais preciso, uma única mesa acabe todo o nosso grupo, pior do que isso é saber que em breve ele vai diminuir ainda mais. Depois do almoço resolvemos fazer um passeio com o Marcel, a final é a ultima semana dele aqui, mas apenas eu, Gabi, Nathalia e Jéssica estávamos animadas, Renato e Lucca queriam ir a aula C (essa aula C só atrapalha), mas o poder de persuasão feminino falou mais alto e nós convencemos os meninos a irem também.
Enquanto esperávamos o ônibus, eu ataquei de detetive e posso dizer, quando voltar para ao Brasil vou trabalhar nessa área, eu consigo seguir as pessoas na rua sem que elas percebam, portanto cuidado comigo, rs... Nosso destino foi Stanley Park, mesmo porque o dia estava lindo.
Escolhemos ir para um lado do park que nunca havíamos ido antes, era novidade para todo mundo. Tiramos varias fotos do por sol refletindo no mar (só quem já viu essa cena aqui sabe a beleza que é), mas o espetáculo do dia foi Renato correndo na praia sem camisa, pois é sem camisa, ele queria fazer um vídeo para mostrar que mesmo no inverno ele aproveitou a praia em Vancouver, então tirou o tênis, a camisa e começou a correr na praia. Marcel foi correndo atrás com a câmera para registrar o momento. Eu não sei o que foi pior: Renato sem camisa no maior frio e todo mundo olhando, ou Marcel com uma bota de usar na neve correndo na areia todo cheio de blusa, rs....
Depois da palhaçada resolvemos voltar para o inicio do park para pegarmos o ônibus de volta para Downtown, mesmo porque já eram 5 horas (está anoitecendo mais tarde agora) e o sol já estava sumindo, o problema é que não sabíamos como voltar, pois havíamos andado quase duas horas e não chegamos em lugar algum, não podíamos voltar pelo mesmo caminho, pois já estava escurecendo e o park não tem iluminação. Resolvemos pedir informação para varias pessoas de como fazíamos para chegar ao ponto de ônibus, todas elas indicaram a mesma direção, mas o problema é que esse caminho era por dentro do park e não tinha luz alguma. Eu sugeri que nós continuássemos a caminhar, pois já estávamos perto de alguns prédios, então com certeza iríamos encontrar um ônibus, mas meus colegas não gostaram da minha ideia então fomos pelo caminho que nos indicaram.
Andamos muito, a noite já estava chegando, o local ficando escuro e nada de acharmos um ponto de ônibus, foi quando vimos a famosa ponte que dá acesso a Norte Vancouver, então passamos por uma trilha e finalmente chegamos a rua. Não havia ponto de ônibus nesse local, só carros passavam, não tinha uma viva alma na rua, essa que nem calçada tinha. Estávamos muito longe da civilização. Além disso estava muito frio, eu estava morrendo de fome, sorte que o Marcel tinha um quite sobrevivência e salvou o meu estomago (batata de lata).
Caminhamos por mais meia hora até encontrar o ponto de ônibus, nesse momento Renato até ajoelhou e agradeceu, nós sabíamos que uma hora iríamos chegar em algum lugar, mas o problema é que caminhamos durante três horas, com frio e fome até acharmos esse ponto de ônibus. Lucca foi para a casa, Gabi já estava praticamente na porta de casa, Renato e Jéssica também foram para suas respectivas casas, já eu e Marcel estávamos ferrados, pois não aparecemos para o jantar. Já estava imaginado eu abrindo a porta aqui de casa e vendo a cara linda da Faith olhando para mim, eu tentei avisar que iria me atrasar, mas ninguém atendeu o telefone.
Abri a porta e dei de cara com um relógio, eram 7 horas da noite, eu só estava atrasada em uma hora. Ouvi muitas vozes, então percebi que minha situação era pior do que eu imaginava, mas não tinha como, eu tinha que dar alguma satisfação. Entrei na cozinha com uma cara de cachorro sem dono e encontrei Faith arrumando os pratos, o jantar iria começar em 5 minutos. Fiquei muito aliviada, hoje era meu dia de sorte, rs...
A casa estava cheia com um casal de amigos da Faith que sempre estão aqui, mas eu não sei o nome deles, rs, além de Stefani, o menino japonês do pijama de bolinha a mãe dele e um outro casal. Esse garoto já morou aqui em casa, ele estudou inglês durante 6 meses e agora veio fazer uma visita e trouxe a mãe junto. O outro casal também é do Japão, ele também morou aqui há alguns anos atrás. Ao contrario dos outros jantares dessa vez foi bem legal, conversei com todos eles, acho que foi o jantar que eu mais falei, eles tiveram muita paciência comigo, perguntaram varias coisas sobre o Brasil. No final do jantar ganhei até um elogio, Faith e Stefani falaram que meu inglês já melhorou muito, não sei de onde elas tiraram isso.


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