segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Nono dia – 12 de dezembro – Domingo

Se domingo é dia de ficar com a família, em Vancouver não poderia ser diferente, deixei os amigos de lado e resolvi tirar o dia para fazer um passei em família.
Acordei às 9 horas da manha (não sei o que acontece, mas aqui a noite parece passar muito mais rápida do que no Brasil, mas eu sempre acordo antes do despertador, acho que o meu corpo ainda está funcionando em horário brasileiro de verão) tomei café e fiquei no meu quarto estudando. Quando foi 11 horas a Faith chegou com 4 amigos para o almoço.
Fiquei um pouco assustada, pois o almoço foi todo cheio de pompa, com vários talheres a mesa, vinho, um suco de tomate (sei lá se é suco mesmo), mas sabe o que foi o almoço? Frango. Eu não agüento mais frango, quero minha avó para fazer as coisas que eu gosto, ohh saudade do cozido da minha avó, estou com saudade até do Jiló, pode? Rs.
A comida estava muito boa. O frango, acredito que tenha sido o que sobrou do almoço de ontem, porque era igualzinho ao frango que comemos no natal; tinha também salada (tinha até beterraba), arroz (estava duro) pão com um patê de manteiga (estava ótimo) e um molho para colocar no frango (acho que era molho de caldo de carne, eles chamam de molho de churrasco). De sobremesa tinha o bolo que havia desaparecido ontem da geladeira, vocês se lembram? Pois é, ele apareceu e por sinal estava muito bom.
Durante o almoço eles conversaram bastante, eu aproveitei para ir me acostumando com o sotaque deles. Os canadenses tem um sotaque bem diferente dos americanos e eles também falam muito rápido, acabam abreviando as coisas o que dificulta e muito o entendimento.
Como eu sou a “carne nova do pedaço” é claro que uma parte do almoço foi destinada a mim. Eles me fizeram algumas perguntas e eu entendi todas (graças a deus), duas delas me chamou a atenção. A primeira foi quando eu disse que eu sou jornalista e trabalhava em uma radio no Brasil, eles fizeram uma cara de espanto sabe, tipo: O que??? Eles não foram os primeiros a fazer essa cara, pois quando eu digo que sou jornalista todas aqui se espantam; acho que jornalista aqui é uma boa profissão, deve ganhar bem, mas eles não precisam saber que no Brasil as coisas não são assim, ok?! kkk.
A segunda pergunta acho que vocês já sabem neh?! Depois que eu respondi que era jornalista, veio a pergunta: sport? E quando eu disse que sim, começou uma chuva de perguntas sobre futebol. Eles aqui não entendem como a gente gosta tanto de futebol e não gostamos de Hóquei. Queriam saber se eu sabia jogar bola, se nós gostávamos de outra coisa que não fosse futebol, enfim, não adianta brasileiro é sinônimo de futebol.
Depois do almoço fomos todos para a igreja assistir a um concerto de natal. Dessa vez foi na Broadway Church, essa não é a igreja da Faith, mas fomos porque essa coral é muito tradicional aqui na cidade, esse ano foi o espetáculo de numero 43. Foram 90 minutos de historia e musica, fiquei encantada com o que eu vi, tudo muito bem ensaiado, os cantores são ótimos e os atores também. Fiquei imaginando como deve ser o concerto de natal, porque esse foi apenas para esquentar a data. Não paguei nada para entrar e ainda assisti a um ótimo espetáculo, é uma pena não existir nada igual no Brasil.
Saindo da igreja fomos passear de carro: Eu, Faith, Saul e Stefis. Ela foi nos mostrar alguns lugares da cidade, fiquei apaixonada pela exposição de luzes que tem o Stanley Park (eu estive lê e não vi, como?) e também por uma praia que estava perto do Park, eu já sabia da existência dela, é uma praia muito famosa aqui no verão. Quero voltar nesses dois lugares ainda.
A Faith nos convidou para ir visitar uma feira de natal, na minha cabeça eu iria encontrar enfeites de natal, Papai Noel, enfim.. Chegando no local (fica no museu rainha Elizabete) tivemos que pagar 5 dólares para entrar. Entrei toda feliz e logo fui procurar o Papai Noel, as renas... não tinha. A feira era apenas de coisas para comer, coisas que são tradicionais no natal. Depois da decepção eu fiquei mais revoltada ainda de saber que eu teria que gastar meu rico dinheirinho para comer alguma coisa. Será que vocês entenderam? Eu paguei para entrar e paguei para comer! Eu e as meninas comemos aqueles salsichões que vemos nos filmes, como se fosse o nosso pão com lingüiça, mas o pão daqui é a salsicha com repolho, nojento, e eu paguei ainda 8 dólares para comer. A cada dia que passa eu fico mais surpresa de ver como as coisas aqui são caras. Não vale a pena comer fora de casa.
Depois do salsichão viemos para a casa. As meninas foram dormir, detalhe, 7 e meia da noite, então a solução para uma pessoa sozinha sem Internet também foi dormir, apesar que nesse momento são 3 horas da manha no Brasil e se o meu corpo está no horário brasileiro de verão, já passou a hora de dormir.
O dia foi bem legal, ainda mais porque eu só falei inglês, ou melhor, tentei falar. Conversei sobre isso hoje com a Faith e com Stefis, elas me falaram para ter calma que eu vou conseguir falar inglês, mas tem hora que me sinto muito mal. Estou com esse sentimento desde o dia que cheguei aqui, parece que eu estou enganando minha família dizendo que estou aqui para estudar, parece que estou jogando dinheiro fora. Me lembro de um conversa que tive com a Vivi (o blog dela é muito legal, vale a pena acompanhar) e ela me disse que  quando eu menos perceber eu vou estar falando inglês, mas parece que isso não acontece comigo, vai batendo um desespero, é um sentimento inexplicável.
Não penso em desistir, pois estou percebendo que sou capaz de muitas coisas das quais eu não sabia. Lembro-me quando eu tive que aprender a dirigir, dois anos com a carteira de motorista e nada, depois em um mês eu peguei o carro e saí pelas ruas igual a uma loca. Depois foi a viagem, só eu e minha mãe sabemos o quanto foi difícil estar aqui, por quantas coisas nós passamos e abrimos mão para poder estar realizando esse meu objetivo que era um sonho muito distante. Depois foi chegar até aqui, quantos medos, quantos fantasmas me assombrando e eu cheguei, não é possível que eu não vá conseguir falar inglês.
De todos esses meus medos, ainda tem um que me assombra: Jogar dinheiro fora. Quando eu decidi vir para cá, eu tinha medo de não estar preparada para morar aqui, tinha medo do meu inglês está muito fraco e eu estar jogando dinheiro fora. Isso ainda me assusta. Será que eu não vou conseguir? Será que eu estou tirando umas férias longe de casa? Será que eu vou passar as próximas 12 semanas no estagio de iniciante na escola (os árabes da minha sala estão a três meses nesse estagio)?  Tantas perguntas e nenhuma resposta.
Dias antes de vir para cá, a Andréia (minha tia) me mandou um email simples, mas que eu penso nele todos os dias, ela escreveu assim: Conte sempre com a sua família! (Tenho tanto medo de decepcionar minha família.)
A saudade já está apertando, eu nunca fiquei mais de 15 dias sem ver minha mãe. Minha avó me ligava sempre para saber como eu estava. Meu avô que ia em casa todos os finais de semana levar coisas para eu comer. Como vocês fazem falta! Família, estou precisando de vocês!!!

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